Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Falta de infraestrutura urbana compromete a interação social dos idosos

Nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, a qualidade de vida oferecida aos moradores mais velhos fica a desejar



Nações idosas enriqueceram antes de envelhecer. Puderam, com folga, preparar o terreno a fim de receber a população mais longeva. A França demorou 115 anos para atingir 14% de indivíduos com mais de 60 anos, enquanto Suécia e Estados Unidos tiveram 85 e 69 anos, respectivamente. Países em desenvolvimento, contudo, passarão pela mesma transformação em menos tempo, muito antes de alcançarem a riqueza econômica que facilitaria as adaptações estruturais. Para se ter uma ideia da velocidade com que os emergentes envelhecerão, a China alcançará a mesma quantidade de idosos em apenas 26 anos, ao passo que o Brasil em 21 ; hoje, os idosos representam 12,5% dos brasileiros. O descompasso representa um golpe na coluna vertebral das cidades em ascensão, que, deficientes em infraestrutura urbana adaptada, colocam em xeque a qualidade de vida oferecida aos moradores mais velhos.

A infraestrutura urbana tem papel central no envelhecimento ativo. De tão relevante para a saúde física e mental dos indivíduos, a questão foi abordada no Guia global: cidade amiga do idoso, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2007. O espaço ideal, prega o texto, estimula o envelhecimento ativo oferecendo oportunidades para que pessoas de idades e capacidades variadas participem da vida social com saúde e segurança. O que se busca, basicamente, é a inclusão. Não havia urgência em discutir esse aspecto do envelhecimento no início do último século, tempo em que cidades não reuniam tantos moradores, especialmente idosos.

Antes de o século 21 completar uma década, metade da população global já habitava áreas urbanas. A quantidade de megacidades ; aquelas com pelo menos 10 milhões de habitantes ; aumentou 10 vezes, saindo de duas para 20 no decorrer dos anos de 1900. Em 2005, esses centros urbanos respondiam por 9% de toda a população urbana do mundo. Segundo a OMS, 80% das megalópoles têm proporção de idosos semelhante à de residentes jovens. E as projeções são de que, nos países desenvolvidos, os mais vividos tenham representatividade maior. A incidência deve aumentar 16 vezes, saindo de 56 milhões em 1998 para 908 milhões em 2050. Nesse cenário, os indivíduos com pelo menos 60 anos representariam um quarto da população urbana das economias emergentes.

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