postado em 21/12/2015 08:02
Como sociedades que, aos poucos, se recuperam após terem parte da população dizimada por guerras ou epidemias, a natureza também tem estratégias para se regenerar de estragos seculares, muitas vezes causados pelos humanos. Exemplo disso é a Mata Atlântica, um dos biomas com maior biodiversidade do mundo e entre os mais devastados pela ação humana.
Em pesquisa pioneira, publicada na revista Biodiversity and Conservation, a ecóloga Camila Rezende, doutoranda da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostra que, em uma área de 600km;, a floresta conseguiu recuperar mais de 3 mil hectares, tendo um crescimento de 15% em 36 anos. Para perceber essa mudança de cenário, Rezende analisou imagens aéreas e de satélite da região de Trajano de Moraes, município no norte da serra fluminense, feitas em 1978, 1988, 1999, 2006 e 2014.
Essa região foi ocupada e desmatada principalmente nos séculos 18 e 19, época de ouro do ciclo do café. Quando o comércio cafeeiro começou a enfraquecer, em grande parte devido à depressão econômica dos Estados Unidos em 1929, alguns cafezais foram abandonados. A interrupção da interferência humana foi o que permitiu à floresta retomar o controle da paisagem nessas regiões, embora a nova vegetação não tenha as mesmas características da anterior ao desmatamento.
;Caminhando pelas matas em Trajano de Moraes, você ainda encontra, eventualmente, um pé de café isolado ou um limoeiro, por exemplo. As novas florestas, sejam elas regeneradas naturalmente, sejam plantadas, nunca terão exatamente a mesma composição da floresta anterior ao corte;, conta ao Correio a ecóloga, que, em seguida, explica o fenômeno conhecido por sucessão ecológica: ;O que ocorre é que, com o passar do tempo, novas espécies vão chegando, na forma de sementes trazidas pelos animais ou pelo vento, e a composição de espécies da floresta vai se alterando. Há uma tendência de aumento da biodiversidade, e, nesse sentido, ela se aproxima da riqueza da floresta original;.
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