Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Negociadores do clima começam participação na Cúpula do Clima em Paris

As 195 nações têm oficialmente até sexta-feira, 11 de dezembro, para alcançar um acordo que se anuncia histórico

Le Bourget, França - Depois dos discursos solenes dos 150 líderes mundiais na abertura da Cúpula do Clima em Paris (COP21) chegou a vez dos negociadores discutirem nesta terça-feira (1;/12) a elaboração de um rascunho de acordo cheio de obstáculos.

[SAIBAMAIS]"Peço às delegações criatividade e flexibilidade", declarou o chanceler francês, Laurent Fabius, presidente da cúpula ao inaugurar os trabalhos em Le Bourget, periferia de Paris.

As 195 nações têm oficialmente até sexta-feira, 11 de dezembro, para alcançar um acordo que se anuncia histórico. O texto deverá conter compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa e meios para uma transição energética, de combustíveis fósseis a renováveis, até meados do século. Além disso, é preciso definir objetivos claros de que os países ricos estão dispostos a repassar dinheiro e tecnologia aos países em vidas de desenvolvimento, e que todos aceitem métodos de controle mútuo.

"Eu os convido a enfrentar os desafios com otimismo, determinação e disposição de compromisso", enfatizou Fabius. As negociações são dirigidas tecnicamente por dois países, Argélia e Estados Unidos.

Elogios cautelosos
Observadores e organizações de defesa do meio ambiente concordaram em elogiar os discurso dos dirigentes no primeiro dia de cúpulas, mas se mostram cautelosos.

"Estamos longe da atual ambição, estamos aproximadamente a meio caminho em relação ao que precisamos fazer. Precisamos de uma varinha de condão para que todos dupliquem as contribuições que prometeram", comentou Jean Jouzel, vice-presidente do IPCC, o painel de cientistas cujos relatórios servem de base para a ONU avaliar a ameaça climática.

A conferência começou com um enérgico chamado para negociar um acordo global contra as mudanças climáticas que preserve a vida das gerações futuras no planeta. "Nunca esteve em jogo algo tão importante numa reunião internacional", disse o presidente francês François Hollande ao abrir a conferência, "porque trata-se do futuro do planeta, do futuro da vida".

O fio condutor do primeiro dia foi a urgência climática. "Nós temos o poder de mudar o futuro aqui e agora, mas só se nos colocarmos à altura dos acontecimentos", disse o presidente Barack Obama. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que as delegações "escolham o caminho do compromisso e, caso necessário, da flexibilidade".

A consciência da ameaça e um contexto político considerado mais favorável que há seis anos gerou algum otimismo sobre a possibilidade de evitar o fracasso da conferência de Copenhague em 2009. Até agora, 183 dos 195 países apresentaram suas INDCs, os compromissos nacionais de redução das emissões de gases de efeito estufa responsáveis %u200B%u200Bpela mudança climática.

Entre os que ainda não apresentaram seus compromissos estão a Líbia, Coreia do Norte, Venezuela, Uzbequistão, Nepal, Panamá e Nicarágua, segundo o site da ONU. O presidente Nicolás Maduro, anunciado até o último momento na lista de oradores da conferência, não se apresentou. De forma contrária ao ocorrido na capital dinamarquesa, China e Estados Unidos - os principais emissores de gases de efeito estufa - desta vez buscam um acordo.



O presidente chinês, Xi Jinping, convidou os países desenvolvidos a estarem "à altura de seus compromissos" financeiros, pretendendo reunir 100 bilhões de dólares até 2020, que serão destinados ao financiamento de projetos climáticos no sul, e incrementar sua ajuda após essa data. No sentido contrário a um acordo pesam as divergências de interesses de países industrializados, economias emergentes e nações mais pobres, potências petroleiras e Estados insulares do Pacífico ameaçados de desaparecimento.

Os discursos de segunda-feira (30/11) confirmaram a variedade de enfoques entre o mundo desenvolvido e os países em desenvolvimento.