Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Ingestão de álcool desencadeia ou potencializa ao menos 66 doenças

OMS estima que o alcoolismo mate 3,3 milhões de pessoas todos os anos no mundo

Belo Horizonte ; Há 37 anos, o terapeuta ocupacional Ronaldo Guilherme Vitelli Viana, 56 anos, começou a lidar com gente que batalhava contra o álcool e outras drogas. Ao longo dessa trajetória, ajudou a recolocar nos trilhos a vida de um número incalculável de dependentes. No momento em que estava chegando ao auge da carreira, Ronaldo dava palestras semanais para 1.500 pessoas e havia publicado um livro sobre o tema. O que seus pacientes nem sequer desconfiavam é que, quando ele encerrava as portas da comunidade terapêutica Terra da Sobriedade, na capital mineira, se entregava à bebida alcoólica. Chegou a consumir 1,5 litro de cachaça por semana, além de muita cerveja associada a destilados. Naquela época, tomar duas latas de cerveja diariamente e alguns porres nos fins de semana era normal.



O fato de o consumo dele estar atrelado a situações corriqueiras, como a comemoração de um aniversário ou de um emprego novo, torna o combate muito difícil. ;Tecnicamente falando, o álcool é uma droga capaz de modificar o funcionamento do organismo, inclusive o do cérebro. Fazendo uso dele, algumas pessoas vão perder o controle, desenvolvendo o consumo exagerado e tóxico, o que vai se refletir negativamente na vida social, com a família ou amigos. Isso vale para o álcool e para todas as outras substâncias capazes de mudar o comportamento. Trata-se de uma condição patológica marcada por tirar a liberdade do indivíduo de optar pelo consumo ou não dessas substâncias;, alerta o Sérgio Nicastri.

Conforme o segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), entre os brasileiros que ingerem álcool, o ato de beber em binge ; quatro doses para mulheres e cinco para homens em um período de duas horas, considerado um padrão nocivo de consumo ; aumentou 31% entre 2006 e 2012. A proporção dos que bebem uma vez por semana ou mais cresceu 20% no mesmo período. Entre os bebedores, 17% apresentam critérios para abuso ou dependência de álcool.

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