As escolhas tão variadas por cheiros e, consequentemente por sabores podem nos levar a achar que essas afinidades são comportamentos aprendidos, não herdados. Mas há um peso da evolução humana nessas preferências sensoriais, indica pesquisa publicada recentemente na revista Chemical Senses. Segundo cientistas do Reino Unido e dos Estados Unidos, o corpo carrega um mapa detalhado do comportamento dos antepassados quando o assunto é o olfato.
Os pesquisadores das universidades do Alasca e de Manchester tentaram entender o porquê de algumas pessoas serem mais sensíveis a determinados odores e sabores, especificamente os da carne de porco. Questionaram se isso ocorria ao acaso ou haveria a influência de algo presente no genoma. Os autores encontraram pistas da segunda alternativa ao analisar amostras de DNA de mais de 2,2 mil pessoas de 43 populações de todo mundo.
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Pelas análises, descobriram que existem diferentes sequências de genes para o OR7D4, um receptor das células olfativas humanas que faz com que seu portador fique sensível à androstenona, que confere odor desagradável a porcos e javalis não castrados. Nem todos são sensíveis à presença desse hormônio: 50% das pessoas não detectam o odor característico, mesmo em altas concentrações; 15% são moderadamente sensíveis; e 35%, muito sensíveis.
Antepassados humanos, como neandertais e denisovanos, certamente tinham a sensibilidade, diz Kara Hoover, líder da pesquisa. A análise estatística das frequências das diversas formas do gene sugere que elas são resultado da seleção natural. Não existe consenso sobre a origem dessa variação, mas teorias interessantes.
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