Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Pesquisadores questionam se vitória de Napoleão mudaria a História

Questionamentos fascinam há anos os escritores, e também os historiadores mais rigorosos

Bruxelas, Bélgica - Napoleão foi derrotado em Waterloo em 18 de junho de 1815, e perdeu definitivamente o poder, mas muitos questionam se, caso tivesse vencido, ele teria construído o império que sonhava, de Finisterre até a China, ou se a Segunda Guerra Mundial teria acontecido. Essas perguntas fascinam há anos os escritores, e também os historiadores mais rigorosos.



No século XIX, o escritor francês Louis Geoffroy imaginou um cenário ainda mais atrevido. Em seu livro "Napoleão e a conquista do mundo, 1812-1832", escrito em 1836, descreve como Bonaparte consegue submeter a China, convertida em uma simples "província da Ásia". Nesta ucronia ;gênero literário que imagina o que aconteceria se um evento histórico não tivesse acontecido; Geoffroy volta três anos antes de Waterloo. "Escrevi a história de Napoleão desde 1812 até 1832, desde Moscou em chamas até sua monarquia universal e sua morte. Vinte anos de uma grandeza que crescia incessantemente e que o elevou a uma onipotência acima da qual não há nada mais que Deus", escreveu como introdução o autor, cujo nome real era Louis-Napoléon Geoffroy-Château.

Grandeza? Para Stubbe da Luz, no final das contas, "Napoleão era um ditador". "Mas não um ditador reacionário como o Czar da Rússia", diz. Para o historiador, um reino napoleônico na Europa continental, equilibrado pela supremacía marítima inglesa, não significaria inevitavelmente um retrocesso para a Humanidade.

Alemanha menos forte
"A ditadura de desenvolvimento que Napoleão exportou para os países sob sua dominação supôs uma regressão em comparação com o progresso da Revolução Francesa", mas não foi má para as sociedades da Alemanha, Holanda, Itália e Espanha, opina. Ali introduziu "a igualdade de direitos para as minorias religiosas e a população rural, o direito de voto para os homens, um sistema jurídico sem comparação ou um espaço econômico extendido", enumera o especialista.

Com prudência, Stubbe da Luz imagina uma Europa continental dominada pela França durante todo o século XIX. Nesse caso, a Alemanha não teria se feito tão forte, e portanto "provavelmente não teria disposição de provocar a Primeira Guerra Mundial". Imaginar uma história paralela é um exercício de voo alto para os historiadores. "As causas dos acontecimentos são inumeráveis", lembra Philippe Raxhon, da Universidade de Li;ge.

Os escritores romancistas, por outro lado, não têm pudores em se deixar levar por sua imaginação. Em seu ;best seller; "Fatherland", publicado em 1992, o britânico Robert Harris imagina uma Alemanha se preparando para a visita, em 1964, de Joseph P. Kennedy" (o pai de "JFK") a Adolf Hitler, vencedor da Segunda Guerra Mundial. Uma guerra que, segundo outros cenários, não teria acontecido se Napoleão tivesse vencido em Waterloo.