No dia a dia do paciente de artrite reumatoide, os obstáculos estão por todos os lados. A maçaneta da porta, o cabo da panela, a tampa da garrafa, os degraus da escada; Para uma pessoa com dor, rigidez ou deformidades articulares, esses objetos simples tornam-se desafiadores. O comprometimento das atividades rotineiras, contudo, pode ser amenizado com terapia ocupacional. Aliada à prática regular de exercícios físicos, a adaptação das tarefas cotidianas representa um ganho enorme na qualidade de vida.
;Modificar hábitos é algo essencial para o tratamento, e isso pode incluir aspectos muito individuais, desde mudar a forma como o paciente lava a louça, digita no computador e toma banho até mesmo modificar como ele encara o cuidado com a sua saúde;, explica Pedro de Almeida, professor do curso de terapia ocupacional da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador de tecnologias assistivas para pacientes reumatológicos. De acordo com ele, diversos estudos científicos indicam que proteger as articulações e poupar energia na execução de tarefas reduzem a dor, melhoram a fadiga, aumentam a participação social, diminuem a rigidez matinal e a incidência de deformidades nas mãos, e incrementam a funcionalidade, mesmo entre pessoas com quadros mais graves da doença.
O especialista explica que, quanto mais cedo o paciente iniciar as mudanças de hábito, maiores as chances de evitar as lesões e os prejuízos para a rotina. No artigo Terapia ocupacional na artrite reumatoide: o que o reumatologista precisa saber?, publicado na Revista Brasileira de Reumatologia, Almeida destaca que, sem tratamento adequado, a taxa de aposentadoria associada à doença varia de 7% (no primeiro ano após o diagnóstico) a 39% (15 anos depois). A redução da produtividade motivada pela artrite reumatoide é estimada em 7 mil euros por ano, observa. Contudo, existe um arsenal de técnicas protetivas, exercícios físicos e recursos tecnológicos para evitar que isso aconteça.
Quem faz o encaminhamento do paciente ao serviço de reabilitação, onde será acompanhado por uma equipe multidisciplinar, é geralmente o reumatologista. ;Esse processo acontece em centros de reabilitação públicos, os da rede Sarah, e em alguns hospitais, entre eles o HUB (Hospital Universitário de Brasília), que tem um serviço multidisciplinar integrado;, explica Almeida. Ele ressalta, porém, que, em outros centros de saúde, o número reduzido de profissionais qualificados pode fazer com que se espere muito para ter acesso ao serviço. ;Muitas vezes, isso desmotiva o paciente;, afirma. Segundo o especialista, o problema não é só do Brasil. ;Observo situações similares aqui no Canadá, onde a espera por uma consulta com profissionais especializados pode ser superior a quatro meses;, diz o professor da UnB, que atualmente faz parte do doutorado no país norte-americano.
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