postado em 01/06/2015 10:43
;Mulher minha não trabalha, cuida da casa e dos filhos.; Felizmente, frases como essa, ditas com naturalidade em décadas passadas, soam cada vez mais ultrapassadas. O que não significa que ainda, para muitos homens, pareça mais ;seguro; limitar as possibilidades de atuação das parceiras. Passando a maior parte do tempo em casa, pensam, elas têm menos chances de serem infiéis.Enorme engano, aponta um estudo conduzido na Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos. Realizado pela professora de sociologia Christin L. Munsch, o trabalho sugere que, quanto mais dependentes do ponto de vista econômico, mais as pessoas (mulheres e homens) tendem a trair o(a) companheiro(a). ;Você pode pensar que ninguém vai querer ;morder a mão que o alimenta;, mas não é isso que minha pesquisa mostra;, afirma a autora, em um comunicado à imprensa. ;Em vez disso, os achados indicam que as pessoas gostam de se sentir relativamente iguais em seus relacionamentos. Elas não apreciam ser dependentes;, completa.
Publicadas na edição deste mês da revista American Sociological Review, as conclusões de Munsch são baseadas em informações colhidas entre 2001 e 2011 por meio do National Longitudinal Survey of Youth, um grande esforço de coleta dos mais variados dados sobre a população americana. O contingente analisado pela socióloga engloba 2.750 pessoas casadas, com idades entre 18 e 32 anos. No estudo, ela verificou a traição pelo número de parceiros sexuais que os participantes haviam tido ao longo de um ano.
Para os dois gêneros, ser dependente do parceiro aumenta as chances de o indivíduo buscar experiências sexuais fora de casa, apesar de os homens mostrarem maior tendência à infidelidade. Entre os maridos cuja renda familiar vinha totalmente da companheira, 15% afirmaram ter tido um caso no ano em que responderam à pesquisa. Esse índice caiu para 3,4% quando o salário do casal era igual. Já as esposas totalmente dependentes apresentaram uma probabilidade de trair de 5,2%. Quando os ganhos eram iguais ao do parceiro, a taxa foi para 3,4%.
Segundo Munsch, os dados indicam que, quando um dos parceiros se sente diminuído no aspecto financeiro, ele tenta equilibrar o jogo sendo infiel. Na opinião da especialista, contudo, os homens parecem mais suscetíveis a esse comportamento por uma questão cultural. Para eles, o sexo extraconjugal vem da sensação de terem a masculinidade ameaçada, uma vez que eles não correspondem ao papel masculino socialmente esperado: o de serem o principal provedor da casa. Ter um caso, portanto, seria uma forma de praticar um comportamento culturalmente associado à masculinidade.
;Para os homens, especialmente os mais jovens, a definição dominante de masculinidade é associada à virilidade sexual e à conquista, particularmente com relação a múltiplas parceiras sexuais. Assim, ser infiel pode ser uma maneira de restabelecer a masculinidade ameaçada. Simultaneamente, a infidelidade permite que o homem ameaçado se distancie, e talvez puna, sua companheira que ganha mais;, analisa Munsch.
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