;Desde a cirurgia, nunca mais coloquei um decote. Tem momentos em que ainda me envergonho e me sinto triste, mas que seja feita a vontade de Deus;, afirma Alaíde, que está há dois anos e meio na fila para reconstrução do seio esquerdo. Geralda, que vive a expectativa da cirurgia há um ano e quatro meses, completa: ;Gosto muito de praia e clube, mas não posso ir. Se eu coloco maiô, mesmo com o enchimento, fica visível. A gente se olha no espelho e sente aquele vazio;, diz.
[SAIBAMAIS]Alaíde e Geralda fazem parte das estatísticas de mulheres que aguardam pela reconstituição dos seios, apesar de a legislação brasileira dar a elas esse direito. A Lei N; 12.802 entrou em vigor há dois anos e garante acesso via Sistema Único de Saúde (SUS) à cirurgia plástica reparadora em mulheres que retiraram a mama em razão do câncer. Em 25 de abril de 2013, pacientes que acabavam de receber o diagnóstico, quem já estava em tratamento e, principalmente, mulheres que já tinham sido mutiladas pela doença e esperavam na fila pelo procedimento se encheram de esperança. Na grande maioria dos casos, em vão.
Dados da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) mostram que, das brasileiras que passam pela cirurgia de retirada da mama, apenas 10% conseguem a reconstrução imediata do seio. Apesar de o dado ser anterior à lei e de ter havido aumento de 16% nas cirurgias de reconstrução mamária entre 2013 e 2014, especialistas e pacientes reafirmam que a realidade no país está longe do que a legislação prevê.
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