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Ciência e Saúde

Estudo afirma que vacina contra malária oferece proteção parcial

Uma dose de reforço aumenta a ação da vacina, chamada "RTS,S" pela empresa farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK), segundo o resultado de uma pesquisa de vários anos

Paris - A vacina experimental mais avançada do mundo contra a malária oferece proteção limitada para crianças e bebês, mas ainda assim protegeria milhões de crianças expostas ao parasita - de acordo com um estudo publicado nesta sexta-feira.

Uma dose de reforço aumenta a ação da vacina, chamada "RTS,S" pela empresa farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK), segundo o resultado de uma pesquisa de vários anos.O estudo foi publicado na revista médica The Lancet, na véspera do Dia Mundial de Combate à Malária, celebrado nesta sexta-feira.



Os resultados sugerem que a "RTS,S" poderia evitar muitos casos de malária e, assim, contribuir para o controle da doença, junto a outras medidas de profilaxia (mosquiteiros impregnados com inseticida, tratamentos, etc.).

Como sua eficácia é moderada e diminui ao longo do tempo, é muito importante tomar uma segunda dose de reforço. "Infelizmente, o efeito não é tão importante quanto o que vemos em outras vacinas" contra outras doenças, explicou Brian Greenwood, pesquisador da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

Esta vacina é o mais promissor preparado contra a malária, que mata, em média, 1.200 crianças por dia na África subsaariana, e é a primeira a alcançar a fase 3 de testes clínicos, um passo fundamental antes da comercialização.

Os testes com 15.500 bebês e crianças de sete países africanos (Burkina Faso, Gabão, Gana, Quênia, Malauí, Moçambique e Tanzânia) foram estruturados em dois grupos: um de bebês 6-12 semanas e outro com lactentes de entre 5 e 17 meses.Alguns receberam a dose de reforço, cuja eficácia tem levado a uma redução de até 36% dos casos.


Melhor que nada

Esses resultados finais são decepcionantes ou animadores? "Um pouco de cada um", respondeu o professor de medicina tropical Nick White, das universidades Mahidol, de Bangcoc, e de Oxford. "No fim das contas temos uma vacina contra a malária que funciona, mas não tão bem quanto esperávamos", explicou.

Cerca de vinte crianças desenvolveram meningite após tomarem a vacina. Segundo os autores, pode se tratar de uma coincidência, mas é uma questão que ainda deve ser mais analisada.

A malária, causada pelo parasita Plasmodium, transmitido por mosquitos, matou 548 mil pessoas em todo o mundo em 2013, a maioria na África, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Crianças menores de cinco anos representam pelo menos 75% dessas mortes.

O professor Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner, na Universidade de Oxford, parabenizou o trabalho, mas questiona os "benefícios potenciais para a saúde pública" desta vacina que, na sua opinião, "não são claros".

Em muitas regiões do mundo, os parasitas se tornaram resistentes a vários medicamentos e inseticidas contra a malária, o que reforça o interesse no desenvolvimento de vacinas.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) examina o caso da vacina da GSK, mas são necessárias recomendações da OMS antes de qualquer possível disseminação da vacina na África.