Ciência e Saúde

Cientistas desenvolvem tratamento para aterosclerose com microcápsulas

Testes com ratos tiveram resultados promissores em cinco semanas. Remédio é liberado aos poucos e diretamente nas placas de gordura das artérias

Roberta Machado
postado em 09/03/2015 06:11
Principal causa de doenças vasculares no mundo, a aterosclerose acaba de ganhar um novo tratamento. O artigo publicado recentemente na revista especializada Science Translational Medicine descreve uma terapia baseada em nanoesferas inteligentes, projetadas para serem injetadas diretamente no local da lesão vascular e agirem no tecido danificado por até cinco dias. Em testes com ratos de laboratório, o método resultou em melhoras visíveis em apenas cinco semanas de tratamento.

A aterosclerose é causada quando o acúmulo de gordura no sangue lesiona a parede interna das artérias e causa uma resposta exagerada do sistema imunológico. As células produzidas para proteger o corpo acabam se infiltrando nas lesões arteriais, onde passam a armazenar o colesterol na forma de placas. Em vez de cicatrizar a lesão e liberar o fluxo na artéria, essas estruturas de defesa acabam endurecendo o revestimento dos vasos sanguíneos, uma condição que pode causar hipertensão e até mesmo levar ao rompimento das artérias.

Testes com ratos tiveram resultados promissores em cinco semanas. Remédio é liberado aos poucos e diretamente nas placas de gordura das artérias

O tratamento habitual para essa condição crônica é baseado em anti-inflamatórios, mas a resposta imune do organismo costuma ser resistente demais para encerrar o combate à inflamação e dar início ao processo de regeneração do tecido lesionado. Os pesquisadores resolveram atacar o problema usando um fragmento de uma proteína produzida pelas células imunes: a anexina A1, que age no processo de cicatrização após inflamações.

Colágeno
;A parte da anexina A1 que ativa o receptor da célula está incorporada no fim da proteína. Então, se fizermos uma pequena proteína ou peptídeo que inclua esse fim, ele funciona da mesma forma que a proteína inteira;, explica Ira Tabas, professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo. Como o peptídeo Ac2-26 produzido a partir dessa proteína é absorvido rapidamente pelo organismo, os cientistas tiveram de encontrar uma forma de tratar as áreas lesionadas de forma contínua, sem ter de injetar grandes quantidades do medicamento no paciente.

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