Até então, os pesquisadores tentavam solucionar o problema olhando apenas para a biocompatibilidade desses materiais, isto é, a dinâmica deles no corpo. A equipe liderada por Nuria Oliva tomou um caminho diferente, quase intuitivo. Eles observaram, em experimentos com ratos, se as mudanças químicas e biológicas provocadas por uma doença podem alterar o desempenho do implante. De acordo com um estudo publicado na edição de hoje da revista Science Translational Medicine, a suspeita é uma realidade.
;Eles mostraram que não é só o material que influencia as respostas ao tratamento, mas também as características da enfermidade que cada pessoa tem;, avalia Luiz Eduardo Teixeira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e médico do Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte. Os achados poderão ajudar os médicos a definir em quais cenários cada material deve ser utilizado, e ainda otimizar a concepção de produtos personalizados para determinados tecidos de órgãos.
Terapia padrão
Apesar de o ambiente químico, mecânico e biológico do corpo ser altamente variável, influenciado inclusive pelo estágio da doença, o conhecimento científico atual, ainda tímido no campo do desenvolvimento de biomateriais, faz com que a medicina utilize um mesmo produto para tratar pacientes diferentes, com estágios distintos de enfermidades. Os processos inflamatórios, por exemplo, têm capacidade de alterar o desempenho dos implantes porque as células de defesa já estão presentes na lesão bem antes da chegada do material.
[SAIBAMAIS]Sabendo disso, a equipe de Nuria Oliva avaliou se o desempenho dos bioimplantes varia conforme condições alteradas do organismo de ratos com câncer de cólon e colite, que é uma inflamação no intestino. Usaram no experimento bioimplantes adesivo construídos à base de dendrímeros e dextranos. O trato gastrointestinal foi escolhido como modelo por oferecer uma gama enorme de respostas e reações celulares à presença dos implantes. Já os materiais adesivos, muito empregados em cirurgias gastrointestinais, são candidatos ideais para estudar os efeitos da doença, por facilitar a detecção de alterações químicas na superfície do órgão.
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