Um projeto brasileiro desenvolveu uma técnica de reprodução inédita no mundo que tem ajudado a evitar a extinção da chamada garoupa verdadeira (Mycteroperca marginata). O peixe está entre as espécies globalmente ameaçadas de extinção pela União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). Uma base do Projeto Garoupa foi montada em Ilhabela (SP) para a larvicultura da espécie, que consiste na criação de larvas de peixes em cativeiro para reprodução assistida em tanques com cuidados especiais como controle de temperatura e salinidade da água. As desovas no local totalizam mais de 1 milhão de larvas geradas.
Os especialistas no tipo de reprodução atuam em sete municípios do Rio de Janeiro (Angra dos Reis, Itaguaí, Mangaratiba, Paraty, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios) e quatro de São Paulo (Ubatuba, Ilhabela, Caraguatatuba e São Sebastião). O projeto, patrocinado pela Petrobras, trabalha com o reconhecimento dos habitats desse peixe, locais que oferecem abrigo e alimento à garoupa. Abrange a coleta de dados físicos desses habitats, tais como a quantidade e o tamanho das tocas do peixe, a temperatura da água, medida várias vezes ao dia, e detalhes sobre a topografia da região.
O trabalho de pesquisa reúne dados biológicos, tais como a quantidade de peixes existentes, a identificação de cada um por fotos e a identificação de bentos, seres que vivem próximos ou grudados ao substrato marinho e servem de alimento à fauna. A sobrevivência dos peixes é monitorada na natureza através de técnicas como a telemetria, que é a obtenção, processamento e transmissão de dados à distância.
Além do trabalho de preservação, o Projeto Garoupa também faz um trabalho de educação ambiental com crianças e adolescentes de escolas públicas, além de comunidades quilombolas, indígenas, de pescadores e turistas, de acordo com o engenheiro de pesca, mestre em Biologia Marinha e coordenador geral do Projeto Garoupa, Maurício Roque da Mata Júnior.