Estação do ano mais aguardada pelos brasileiros, o verão não é sinônimo apenas de praia, corpos à mostra e pele bronzeada. O calor extremo provocado por massas de ar quente ; fenômeno comum nesta época do ano, mas acentuado na última década pelas mudanças climáticas ; traz desconfortos e riscos à saúde. Não se trata somente de desidratação e insolação. Um estudo da Faculdade de Saúde Pública de Harvard (EUA), o maior sobre o tema feito até hoje, mostrou que as temperaturas altas aumentam hospitalizações por falência renal, infecções do trato urinário e até mesmo sepse, entre outras enfermidades.
;Nós consideramos todas as causas de admissão hospitalar durante as ondas de calor para caracterizar os efeitos da alta temperatura nos vários sistemas do organismo;, explica Francesca Domininci, professora de bioestatística da faculdade e principal autora do estudo, publicado no jornal Jama, da Associação Médica dos Estados Unidos. Ela conta que os pesquisadores analisaram fichas de hospitalização associadas a 214 doenças em uma população de 23,7 milhões de moradores de 1.943 cidades norte-americanas.
Os dados das internações, ocorridas entre 1999 e 2010, foram cruzados aos de 4 mil registros meteorológicos ao redor do país. ;Embora tenhamos feito o estudo apenas nos EUA, as ondas de calor são um fenômeno mundial. Portanto, os resultados podem ser considerados universais;, diz Domininci. No Brasil, não há estudos específicos que associem as ondas de calor a tipos de internações. ;Não é só aí. No mundo todo, há pouquíssimas investigações sobre essa relação exata;, afirma a pesquisadora. ;Precisamos que os colegas de outras partes do planeta façam pesquisas semelhantes para compreendermos melhor essa importante questão para a saúde pública;, observa.
Pior entre idosos
O estudo concentrou-se na hospitalização de adultos. As estatísticas indicaram que os idosos têm risco duas vezes e meia maior de serem internados por insolação durante ondas de calor extremo. Comparada ao restante da população, nessas ocasiões, a hospitalização dos mais velhos é 18% maior por desidratação, 14% mais alta devido à falência renal, 10% maior por infecções do trato urinário e 6% mais elevada por sepse. Francesca Domininci afirma que esses dados são significativos porque o calor extremo é a principal causa de mortalidade associada ao clima nos Estados Unidos. ;À medida que as mudanças climáticas se agravam, os impactos à saúde devem se aprofundar;, diz.
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