Desembarcando em terras nunca desbravadas, os colonizadores encheram os olhos com as riquezas da América e também sentiram no corpo os efeitos do novo abrigo. Foram vítimas de doenças transmitidas por insetos que se proliferam com facilidade no clima quente e úmido. Ficaram abatidos, mas nada que desse notoriedade aos males dos trópicos. Durante séculos, essas enfermidades permaneceram no campo do desinteresse. Tanto que são chamadas de negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A globalização, porém, tem forçado quem está em outros continentes a buscar formas mais eficientes de combatê-las.
[SAIBAMAIS];A intensificação das migrações e a facilidade de deslocamento aumentaram o interesse e a necessidade de alguns países de se organizarem para trabalhar contra essas doenças. A ida de latinos à América do Norte, à Espanha e ao Japão fez com que aumentasse o número de casos de Chagas e ocorresse a detecção da infecção chagásica entre doadores de sangue e de órgãos. EUA, França e Itália já detectaram transmissão de dengue originada no próprio território;, relata Expedito José de Albuquerque Luna, pesquisador do Laboratório de Epidemiologia e vice-diretor do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP).
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Grandes laboratórios dos EUA dedicam-se a pesquisas de medicamentos e vacinas voltados às mazelas tropicais. Especula-se no meio científico que haja também um interesse militar nesses projetos. A história ajuda a embasar a hipótese. Durante a Guerra do Vietnã, por exemplo, grande parte das tropas americanas morreram mais de malária do que de armas e bombas. Nos novos tempos, a dengue e a doença de Chagas ameaçam. Desde 2009, casos autóctones (surgidos localmente) de dengue são registrados na Flórida e no Texas. A estimativa é de que 300 mil tenham Chagas nos EUA. A projeção para a Europa é de 180 mil a 200 mil infectados.
O aumento do fluxo de estrangeiros está relacionado ao fenômeno, dizem especialistas, forçando os investimentos em busca da contenção do problema. ;O que ocorre hoje em dia para um cenário mais rico em tratamentos das doenças tropicais em áreas que não tinham o número alto de casos é a migração;, diz José Rodrigues Coura, pesquisador e chefe do Laboratório de Departamento de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo Cruz. Ainda assim, Expedito Luna reforça que há a necessidade de mais investimentos para que esses males sejam exterminados. ;Precisamos de estímulo, patrocínios e programas de incentivo que ajudem a comunidade científica a dar retorno à sociedade e contribuam para que esses problemas tão antigos deixem de ser uma preocupação de mortalidade.;
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