Os fármacos veterinários utilizados para aumentar a produtividade agropecuária podem atingir o solo, pela excreção dos animais, e causar impactos sobre os ecossistemas aquáticos e terrestres. O biólogo Fernando Pena Candel-lo sugere que o comportamento de minhocas sirva como um indício de que há esse tipo de contaminação no solo. A proposta faz parte do mestrado na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Universidade de Campinas (Unicamp).
A pesquisa envolveu minhocas-vermelhas-da-califórnia. Candello preparou, em laboratório, um solo artificial contaminado com sulfadiazina ; antibiótico da classe das sulfonamidas muito utilizado na agropecuária para tratamento e prevenção de infecções animais. A substância é detectada em estercos de animais tratados com ela. Depois, realizou-se o ensaio de fuga. Dois solos, um contaminado e um não (que funcionou como controle), foram mantidos lado a lado em um mesmo recipiente. Minhocas foram colocadas em ambas as superfícies. Depois de 48 horas, as duas porções de solo foram separadas e as minhocas presentes, contadas.
;Como esses animais têm a capacidade de detecção química devido aos quimiorreceptores localizados no corpo, eles conseguem ;perceber; e fugir do hábitat mais contaminado para o mais adequado às suas atividades de acordo com o critério fisiológico dele;, detalha o biólogo. A espécie utilizada foi a Eisenia andrei, muito utilizada na produção de húmus e de iscas para alimentação animal. ;Tem hábito detritívoro, ou seja, alimenta-se de restos animais e vegetais em decomposição e é epigeica, habita as camadas mais superficiais dos solos;, explica Candello. As endogeicas constroem as galerias subterrâneas.
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