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Ciência e Saúde

Cientistas encontram esqueleto em mausoléu da era de Alexandre

Os ossos foram encontrados espalhados em volta de um caixão de madeira na terceira câmara do vasto monte, perto de Anfípolis, no norte da Grécia

Salónica - Arqueólogos gregos prenderam a respiração nesta quarta-feira, após a descoberta de um esqueleto em um mausoléu misterioso e ricamente decorado da época de Alexandre, o Grande, na expectativa de que os restos mortais revelem para quem foi construído o maior monte mortuário da Grécia.

Após abrir caminho por enormes esfinges decapitadas, atravessado um muro guardado por duas cariátides e esvaziado uma antecâmara decorada com mosaicos deslumbrantes, os especialistas acabaram por descobrir o corpo para o qual foi construído, informou nesta quarta-feira o ministério grego da Cultura.

Os ossos foram encontrados espalhados em volta de um caixão de madeira na terceira câmara do vasto monte, perto de Anfípolis, no norte da Grécia.

O ministério informou que os restos estavam claramente perto de "uma poderosa personalidade, que pode ser vista nesta tumba ímpar" e especula-se que possam ser de Roxane, a esposa persa de Alexandre, de sua mãe, Olímpia, ou de um de seus generais.

O esqueleto agora será "estudado por cientistas", acrescenta o comunicado.

Katerina Peristeri, a arqueóloga encarregada das escavações, deve revelar suas aguardadíssimas descobertas em duas coletivas de imprensa, em 22 e 29 de novembro.


Quem poderia ser?


A grande pergunta feita pelo público grego, que tem acompanhado as escavações diariamente, é: a quem pertencem estes ossos?

As esculturas da tumba, quase intactas, e os surpreendentes mosaicos foram um lembrete animador de glórias passadas em um país mergulhado em problemas econômicos.

Sua escala - tem meio quilômetro de circunferência - e a qualidade dos mosaicos que retratam um homem pilotando uma carruagem e a abdução de Perséfone por Plutão, alimentou teses de que a tumba teria sido construída para um indivíduo de grande importância.

Este palpite parecia ter se confirmado nesta quarta-feira, quando Atenas revelou que a tumba "usou mais mármore do que qualquer outra construção pública na Macedônia antiga".

"O custo extraordinário da construção significa que é improvável que tenha sido construída para sepultar um indivíduo privado", destacou o ministério.

O historiador Miltiade Hatzopoulos, especialista no período, disse à AFP que tudo isto sugere que serviu como última morada de um membro da famosa família real fratricida da Macedônia.

A dinastia, que alcançou seu apogeu com Alexandre (356-323 a.C.), era fabulosamente rica, mas também foi vítima de complôs, disputas de poder e assassinatos.

"Nós não sabemos onde muitos homens desta família foram enterrados", disse Hatzopoulos, que duvida que os viris macedônios fizessem tal esforço por uma mulher.

Quem quer que seja que a estrutura do século IV a.C. guarde, Hatzopoulos e outros historiadores consideram improvável que possa ser do próprio Alexandre, que conquistou o império persa e grande parte do mundo conhecido até sua morte, aos 32 anos.

Após seu misterioso fim, na Babilônia, acredita-se que ele tenha sido enterrado em Alexandria, Egito, a cidade que fundou, embora sua tumba nunca tenha sido encontrada.