Em um estudo feito com mosquitos, cientistas australianos apontaram que filhotes podem carregar características de antigos parceiros sexuais da mãe, ainda que eles não tenham qualquer laço familiar. Essa forma de hereditariedade não genética, conhecida por telegonia, foi proposta pela primeira vez na Grécia antiga, depois esquecida e, agora, surge a primeira evidência de que a teoria pode estar correta.
;Geneticistas do século 20 rejeitaram muitas ideias e dados que eram considerados incompatíveis com as leis mendelianas, principalmente porque eles acreditavam que deveria haver um único mecanismo de hereditariedade, que era obviamente a transmissão mendeliana de genes;, ressalta Russell Bonduriansky, professor da Universidade de Nova Gales do Sul e um dos autores do estudo, publicado no periódico Ecology Letters.
O grupo de cientistas decidiu testar a velha teoria depois de pesquisar outra ideia abandonada pela ciência: a herança de traços adquiridos. Eles demonstraram que a dieta do mosquito Telostylinus angusticollis influencia não só o tamanho do macho na idade adulta, mas também o porte de sua prole. Os australianos resolveram, então, descobrir se o mesmo processo ocorria independentemente da fecundação do ovo. ;Nós agora sabemos que há vários mecanismos de hereditariedade operando paralelamente, então precisamos revisitar várias ideias;, acredita Bonduriansky.
Os pesquisadores cultivaram um grupo de insetos normais e outro que recebeu doses extras de nutriente para ficar maior (veja infografia). As duas variações dos bichos foram colocadas para acasalar com fêmeas que ainda eram muito jovens para produzir ovos e, portanto, não podiam ser fecundadas. Algumas semanas depois, quando elas já estavam férteis, o experimento foi repetido com diferentes tipos de parceiros. As fêmeas que haviam acasalado com mosquitos maiores quando jovens foram colocadas com insetos menores, e as que tinham estado com os espécimes de tamanho normal foram emparelhadas com os machos mais crescidos.
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