Ciência e Saúde

Pesquisador americano adapta método para entender evolução do violino

Quatro famílias de luthiers podem ser consideradas as principais responsáveis pelos avanços nas técnicas de fabricação

Paloma Oliveto
postado em 18/10/2014 11:53
Os aperfeiçoamentos pelos quais passou o violino foram resultado da troca de informação entre famílias de construtores

Há mais de 400 anos, o violino seduz plateias com seu som inconfundível. O instrumento, que desempenha papel fundamental em uma orquestra, sofreu alterações ao longo do tempo e não pode ser atribuído a um único inventor. Sua história está profundamente associada a quatro famílias de luthiers, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Plos One. Depois de analisar imagens de 9 mil violinos produzidos nos últimos quatro séculos, o pesquisador Daniel Chitwood, do Donald Danforth Plant Science Center, de St. Louis, no Missouri, concluiu que os clãs de fabricantes que mais contribuíram para o instrumento adquirir sua forma atual foram os dos Magginis, Stradivaris, Amatis e Stainers.

;O formato é a informação que nos fala sobre a história de uma peça. No caso dos violinos, sua arquitetura foi influenciada pela preferência dos consumidores e é fruto de imitações e cópias que foram sendo incorporadas por tradicionais famílias de luthiers;, diz Chitwood, que é geneticista e biólogo. Ele explica que há um paralelo entre gerações de pessoas e de violinos: ;As pessoas se misturam, trocam material genético e isso será passado para as descendências. Com o violino aconteceu assim: o formato foi sendo misturado, e o resultado desse mimetismo, passado para gerações seguintes;, compara o pesquisador, um apaixonado pelo instrumento de corda.

No laboratório Donald Danforth, Chitwood investiga a evolução morfológica das plantas, e o método aplicado no trabalho sobre a história do design do violino não foi muito diferente. Esse grande admirador de Bach selecionou imagens do site do Arquivo Cozio, a maior fonte de referência mundial sobre arcos e instrumentos de corda. Dos mais de 30 mil registros iconográficos disponíveis, o pesquisador escolheu uma amostra de 9.344 violinos, violas, violoncelos e contrabaixos, e, com a ajuda de um software, comparou as características morfológicas dos instrumentos de diferentes fontes. O violino, claro, dominou o estudo: foram 7.614 modelos, produzidos dos anos 1600 aos 2000.



Ainda que aparentemente sutis, há alterações nos formatos dos instrumentos fabricados pelos 48 luthiers analisados por Chitwood. ;Obviamente, o tempo é o fator mais importante quando nos questionamos sobre os elementos que mais influenciaram essas diferenças. Instrumentos feitos antes de 1650 são os que apresentam as maiores discrepâncias em relação aos demais, quando vemos os gráficos de análise discriminante linear;, diz o pesquisador, referindo-se à técnica estatística empregada, que é utilizada em diversos estudos, inclusive nos de comparação de características faciais.

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