Eles querem a liderança e, para isso, vão tentar ganhar a simpatia dos demais. A força física é o que menos importa: essencial é fazer alianças e coalizões. No embate com rivais, estão sempre munidos de um arsenal e não pensam duas vezes antes de humilhar e subjugar os inimigos. Poderiam ser políticos em busca de votos. Ou macacos atrás de território e altos postos hierárquicos.
Há cerca de 7 milhões de anos, homens e chimpanzés compartilhavam um ancestral, que também deu origem aos outros grandes primatas ; gorilas, bonobos e orangotangos. De lá para cá, muita coisa mudou, com as espécies evoluindo cada qual à sua maneira. Mas, separados por apenas 1,6% do DNA, humanos e chimpanzés jamais se desvencilharam de suas raízes comuns. Em todas as relações sociais complexas, elas estão presentes, e um bom exemplo disso é o período eleitoral.
Depois de anos trabalhando como jornalista em campanhas políticas, responsável pela produção de programas de tevê para o horário eleitoral gratuito, Tatiana Gianordoli decidiu pesquisar o comportamento dos candidatos usando uma abordagem diferente. ;O objetivo da minha pesquisa foi analisar os aspectos das campanhas televisivas, buscando compreendê-las a partir das informações sobre o comportamento animal, tomando como ponto de partida os conceitos de Darwin acerca da teoria da evolução;, conta.
A primeira investigação acadêmica foi para a monografia de um curso de especialização. Tatiana se debruçou sobre a campanha ao governo do estado do Espírito Santo de 1994. Em seguida, veio o mestrado e, por fim, no doutorado, na PUC-SP, a pesquisadora analisou o discurso dos candidatos e suas aparições na tevê sob a luz da etologia, o estudo do comportamento natural de uma espécie animal. A hipótese, que virou tese, era a de que os processos de comunicação ; em particular, as campanhas políticas ; são apoiados em uma herança ancestral típica de primatas superiores. ;Alguns padrões de comportamento humano repetem aspectos semelhantes aos padrões mais básicos dos primatas, como, a presença de líderes e a estratificação do sistema em níveis ou segmentos;, observa Jorge de Albuquerque Vieira, professor aposentado da UFRJ e da PUC-SP, que orientou a tese.
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