Bombardeios constantes de asteroides, explosões vulcânicas e temperaturas tão elevadas que as rochas se derretiam e formavam extensos oceanos ferventes. Não é por acaso que, quando esses fenômenos se juntaram na Terra, formaram um período que foi batizado em homenagem a Hades, o comandante do inferno, segundo a mitologia grega. O cenário apocalíptico da Era Hadeana se deu há 4,5 bilhões de anos. Um estudo publicado na edição de hoje da revista especializada Nature descreve como essas condições extremas moldaram a superfície terrestre, um processo cheio de lacunas que ainda intriga os cientistas.
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;O período hadeano da Terra corresponde aos primeiros 500 milhões de anos de evolução do nosso planeta, ou seja, cerca de 10% da história. Apesar da extensão temporal limitada, esse é o momento em que foram criadas as condições para a formação e o desenvolvimento da vida. O hadeano é, portanto, de suma importância para entender o nosso planeta atual;, esclarece Simone Marchi, pesquisadora do Southwest Research Institute, nos Estados Unidos, e principal autora do estudo.
Os cientistas sabem que a Terra e a Lua sofreram, juntas, seguidos bombardeios de asteroides. Entretanto, poucas pistas sobre esse evento resistiram às intempéries terrestres. No satélite, por outro lado, os indícios estão praticamente intactos. ;A Terra é um planeta muito ativo geologicamente. Como resultado, rochas antigas foram destruídas nos processos geológicos. A Lua, ao contrário, é um mundo mais silencioso, ainda conserva as propriedades geoquímicas de suas rochas e crateras;, compara a autora.