Roberta Machado
postado em 11/07/2014 06:00
De gigantescas estrelas a planetas e pequenas luas: cada componente do Universo tem uma importante participação na dinâmica dos sistemas e galáxias. A afirmação é válida até para a poeira cósmica, extensas nuvens de minúsculos grãos que flutuam no espaço. Até hoje, cientistas encontram dificuldades para explicar a origem dessa ;sujeira; espacial, mas especulam que as partículas podem esconder pistas sobre como tudo o que conhecemos começa e termina. Uma pesquisa publicada nesta semana na revista Nature fornece mais uma peça desse quebra-cabeça, mostrando que o material surge da destruição de estrelas. São, portanto, importantes evidências de mortes estelares.
O trabalho foi feito com base nos dados colhidos da SN 2010jl, uma estrela de massa 40 vezes maior que a do Sol, descoberta em 2010 e localizada numa galáxia a mais de 160 anos-luz. Usando o Very Large Telescope, no Chile, o grupo de pesquisadores observou a supernova apenas 26 dias depois de sua explosão e encontrou evidências de grãos de poeira cercando a estrela recém-destruída. A nuvem de poeira tinha a massa equivalente à de 830 Terras.
Os astrônomos voltaram a registrar mudanças no astro em outras nove ocasiões durante mais de dois anos e criaram, assim, uma descrição bastante precisa do que havia acontecido com a estrela e com o material originado de sua morte. ;Os grãos de poeira podem continuar se fragmentando em partes menores devido a outros processos destrutivos, mas possivelmente uma grande porção da poeira será conservada e vai contribuir para as grandes massas de pó presentes nas galáxias;, especula Christa Gall, pesquisadora de pós-doutorado da Universidade de Copenhague (Dinamarca) e principal autora do estudo.
A pesquisa pode mudar a forma como a ciência compreende a evolução de galáxias, das estrelas e dos planetas. ;A poeira, claro, tem um papel importante na formação de estrelas e planetas;, ressalta Gall. Quando uma esfera de gás cresce para se tornar uma estrela, os grãos de poeira são atraídos por sua forte gravidade e se unem, formando planetas sólidos. Saber de onde as nuvens cósmicas surgem é essencial para entender o ciclo de união de destruição dos elementos que formam os Universo.
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