Uma corrente de cientistas que integram o painel, entretanto, afirma na Science que os interesses políticos estão se sobrepondo ao conteúdo científico. Um deles é David G. Victor, pesquisador da Universidade da Califórnia e um dos integrantes do Grupo de Trabalho 3. Ele defende a necessidade de uma reforma urgente no IPCC, devido, segundo ele, à excessiva intromissão da política na elaboração do sumário, que talvez seja o documento mais importante para orientar os planos de ação de cada país. ;O sistema exige que, essencialmente, todos os governos concordem (com o conteúdo), o que é altamente improvável. Por isso, acredito que as reformas mais importantes acontecerão fora do âmbito do IPCC, com o desenvolvimento de documentos que não necessitam da aprovação de todos os países;, afirma o especialista.
O tema, contudo, está longe do consenso. Outros integrantes do IPCC, como o brasileiro Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), descartam que exista uma intromissão maléfica da política. Isso porque, entre todo o conteúdo elaborado, apenas um documento, o Sumário para os formuladores de políticas, que sintetiza as informações levantadas pelos cientistas, é discutido com os representantes governamentais. ;Como o IPCC é um organismo intergovernamental, como seu próprio nome indica, essas recomendações são submetidas à apreciação dos governos, e isso é legítimo e não afeta em nada o conteúdo científico dos relatórios;, assegura Artaxo, membro do Grupo de Trabalho 1, que trata das bases físicas do sistema climático terrestre (leia também Três perguntas para).
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