No percurso até o trabalho, o rádio parece um companheiro indispensável. Ligar a televisão ao chegar em casa é um ritual quase automático para muita gente após um dia cansativo. Ler um livro ou navegar na internet pelo smartphone ocupa o tempo de quem espera o sono chegar. E tudo isso não parece ser por acaso. Ficar à toa é insuportável para grande parte das pessoas. De acordo com um estudo publicado na edição de hoje da revista Science, o ser humano prefere fazer qualquer coisa, até mesmo passar por uma situação desagradável, a ficar sozinho com os próprios pensamentos. Isso pode acontecer, segundo os autores, porque é difícil orientar e manter os pensamentos em uma direção agradável.
A pesquisa liderada por Timothy Wilson, pesquisador da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, é uma das tentativas mais recentes de entender uma atividade neurológica exclusiva do ser humano e que ainda é cercada de mistérios: a rede neural em modo padrão. Ela é caracterizada por oscilações neurológicas que ocorrem sempre que alguém se empenha em tarefas internas, como sonhar acordado. A capacidade de se envolver consigo mesmo, diz Wilson, é uma parte essencial, talvez até mesmo uma definição, do Homo sapiens.
Basicamente, essa habilidade permite que o indivíduo se separe do ambiente e viaje para seu interior, imaginando mundos que nunca existiram. Na pesquisa, Wilson aborda duas questões que têm chamado a atenção dos cientistas: as pessoas escolhem entrar em modo padrão? E, quando estão nesse modo, vivem uma experiência agradável? Para responder essas questões, o cientista e sua equipe realizaram experimentos para observar a reação de universitários em uma sala sem adornos nem opções de entretenimento (smartphones, livros ou televisão) em períodos de seis a 15 minutos.
Os pesquisadores pediram que os alunos participantes escolhessem um assunto e refletissem sobre ele. As únicas regras é que eles permanecessem sentados e, principalmente, acordados. Após o ;período de reflexão;, os voluntários responderam a um questionário que avaliava, entre outras coisas, quão agradável a experiência havia sido e a dificuldade que tinham sentido para se concentrar. A maioria (57,5%) relatou problemas de concentração, e 89% disseram ter pensamentos irregulares e sem conexão com o tema escolhido.
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