Bruna Sensêve
postado em 22/06/2014 06:00
À medida que as calorias são retiradas do prato, anos são adicionados à expectativa de vida. Comer menos do que julgar ser necessário nunca foi uma prática tão aclamada para frear de vez o envelhecimento. Pesquisas científicas se multiplicam para provar que o segredo está em reduzir a quantidade de alimentos. Uma, traçada por cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, comprovou que macacos rhesus submetidos a uma dieta de restrição de calorias tinham metade das chances de ter câncer, doenças cardíacas e diabetes ; a tríade do envelhecimento humano. Menos doenças é igual à longevidade. E, de fato, a taxa de mortalidade dos bichos que se alimentaram ;normalmente; foi três vezes a daqueles que mastigaram 30% menos calorias. Mas essa diminuição pode chegar a zero?
A resposta pode ser negativa e positiva. Nesse ponto, a comunidade médica se divide. Este mês, pesquisadores da Universidade de Southern California mostram a primeira prova científica de que uma intervenção natural, como o jejum, pode disparar a regeneração celular de um sistema imunológico danificado ou envelhecido. Ao mesmo tempo, e surpreendentemente, a prática reduz os níveis de colesterol em indivíduos pré-diabéticos por um período prolongado, de acordo com médicos do Instituto do Coração Intermountain. Na contramão desses animadores resultados, pesquisas de instituições brasileiras alertam para o perigo de alterações metabólicas, especialmente quando parar de comer tem como alvo o emagrecimento (leia Para saber mais).
Segundo José Alves Lara Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, ninguém pode jejuar sem causar novas reações nutroneuroquímicas no organismo. ;Ao focar o jejum no emagrecimento, condenamos qualquer tipo de resposta futura. Quem define o quanto engordamos ao comer também é o cérebro, ao determinar a taxa metabólica basal;, explica. Esse índice corresponde à quantidade calórica que o corpo necessita em 24 horas para se manter nutrido durante o decorrer das atividades diárias ou fazendo um jejum de pelo menos 12 horas em repouso sem prejudicar o funcionamento dos principais órgãos.
;Um religioso, ao fazer jejum, está imbuído de todo o sentimento de que o processo vale a pena porque ele vai estar espiritualizado e ter o aumento da imunidade. Ele está exemplarmente capacitado a reger uma situação de jejum. O que sente alguém que passa fome? Fica cada vez mais deprimido; portanto, a imunidade dele baixa;, diferencia o médico. A resposta pode estar nesse viés. O servidor público Carlos Vinícius Brito Reis, 35 anos, conta que faz jejum há mais de 10 anos como uma prática espiritual. Segundo ele, há orientação e preparação específicas. Diferentemente do que é imaginado por quem não consegue conceber a ideia de ficar alguns dias sem comer, as refeições antes e depois do jejum precisam ser leves. A ideia é fazer uma transição tranquila para o organismo, que, depois de muito tempo sem receber alimento, não aguentará ser abarrotado de comida.
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