Agência France-Presse
postado em 19/06/2014 22:57
Paris - Cientistas forenses anunciaram nesta quinta-feira ter descoberto o ovo mais antigo do parasita causador da esquistossomose, revelando como o progresso humano possibilitou que um minúsculo verme encontrado na água doce se transformasse em uma maldição para milhões de pessoas.
Em carta publicada na revista The Lancet Infectious Diseases, uma equipe de arqueólogos e biólogos anunciou ter descoberto um ovo com 6.200 anos do temido parasita intestinal em uma antiga cova no norte da Síria. O local, denominado Tell Zeidan, fica no vale do Eufrates, parte do famoso "Crescente Fértil", onde os humanos se assentaram para introduzir cultivos agrícolas quase 8.000 anos atrás, fazendo o histórico salto de caçadores-coletores para agricultores.
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A equipe escavou restos de esqueletos de 26 pessoas de sepulturas e cuidadosamente peneirou os sedimentos coletados da região pélvica de cada uma. O trabalho meticuloso resultou na descoberta de um ovo com apenas 132 milionésimo de metro de comprimento.
O ovo, afirmaram os cientistas, é de uma das duas espécies de esquistossomos: vermes planos que causam a esquistossomose, uma doença que afeta centenas de milhões de pessoas em regiões tropicais de Ásia, África e América Latina. Os esquistossomos se refugiam na pele das pessoas que entram em cursos d;água doce e viram vermes adultos antes de invadir rins, bexiga e intestinos.
Desenvolvendo-se no fluxo do sangue, eles acasalam e seus ovos são excretados na urina e nas fezes, expondo mais pessoas à doença. A infecção - normalmente percebida pela presença de sangue na urina - pode resultar em falência dos rins, câncer de bexiga, desnutrição e anemia.
Análises recentes de DNA dos esquistossomos sugeriam que os vermes tinham evoluído na Ásia e se espalhado dali para a África e o mundo. Mas como isto aconteceu permanecia um mistério até agora.
A migração através do assentamento remoto de pessoas no Oriente Médio, através de sistemas de irrigação do Crescente Vermelho, é uma possível resposta, segundo a carta. As pessoas em Tell Zeidan plantavam trigo e cevada em condições de muita aridez, o que sugere que desenvolveram um sistema de irrigação para molhar seus cultivos, destacou.
Se foi assim, os canais de irrigação podem ter sido a fonte de infecção provável para o indivíduo que carregava o parasita, segundo a investigação chefiada por Piers Mitchell, da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha. "Nossas descobertas sugerem que a irrigação de cultivos, 6.000 anos atrás, no Oriente Médio, permitiu que a esquistossomose se espalhasse para as pessoas que viviam ali e, portanto, foi o gatilho para o enorme peso que a doença tem causado nos últimos 6.000 anos", diz a carta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 42 milhões de pessoas foram tratadas de esquistossomose em 2012, e 249 milhões receberam tratamento preventivo com praziquantel, medicamento na linha de frente para controlar o parasita.
Em carta publicada na revista The Lancet Infectious Diseases, uma equipe de arqueólogos e biólogos anunciou ter descoberto um ovo com 6.200 anos do temido parasita intestinal em uma antiga cova no norte da Síria. O local, denominado Tell Zeidan, fica no vale do Eufrates, parte do famoso "Crescente Fértil", onde os humanos se assentaram para introduzir cultivos agrícolas quase 8.000 anos atrás, fazendo o histórico salto de caçadores-coletores para agricultores.
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A equipe escavou restos de esqueletos de 26 pessoas de sepulturas e cuidadosamente peneirou os sedimentos coletados da região pélvica de cada uma. O trabalho meticuloso resultou na descoberta de um ovo com apenas 132 milionésimo de metro de comprimento.
O ovo, afirmaram os cientistas, é de uma das duas espécies de esquistossomos: vermes planos que causam a esquistossomose, uma doença que afeta centenas de milhões de pessoas em regiões tropicais de Ásia, África e América Latina. Os esquistossomos se refugiam na pele das pessoas que entram em cursos d;água doce e viram vermes adultos antes de invadir rins, bexiga e intestinos.
Desenvolvendo-se no fluxo do sangue, eles acasalam e seus ovos são excretados na urina e nas fezes, expondo mais pessoas à doença. A infecção - normalmente percebida pela presença de sangue na urina - pode resultar em falência dos rins, câncer de bexiga, desnutrição e anemia.
Análises recentes de DNA dos esquistossomos sugeriam que os vermes tinham evoluído na Ásia e se espalhado dali para a África e o mundo. Mas como isto aconteceu permanecia um mistério até agora.
A migração através do assentamento remoto de pessoas no Oriente Médio, através de sistemas de irrigação do Crescente Vermelho, é uma possível resposta, segundo a carta. As pessoas em Tell Zeidan plantavam trigo e cevada em condições de muita aridez, o que sugere que desenvolveram um sistema de irrigação para molhar seus cultivos, destacou.
Se foi assim, os canais de irrigação podem ter sido a fonte de infecção provável para o indivíduo que carregava o parasita, segundo a investigação chefiada por Piers Mitchell, da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha. "Nossas descobertas sugerem que a irrigação de cultivos, 6.000 anos atrás, no Oriente Médio, permitiu que a esquistossomose se espalhasse para as pessoas que viviam ali e, portanto, foi o gatilho para o enorme peso que a doença tem causado nos últimos 6.000 anos", diz a carta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 42 milhões de pessoas foram tratadas de esquistossomose em 2012, e 249 milhões receberam tratamento preventivo com praziquantel, medicamento na linha de frente para controlar o parasita.