"Temos aqui um tratamento que você aplica uma vez e o efeito pode ser a remissão de longo prazo do câncer", disse o principal autor do estudo, um hematologista que co-desenvolveu a terapia, descrita na edição desta quarta-feira do periódico Mayo Clinic Proceedings. "Acreditamos que possa se tornar uma cura de aplicação única", prosseguiu.
A paciente, de 49 anos, foi diagnosticada com um tipo de câncer na medula denominado mieloma múltiplo. Ela tinha um tumor na fronte e o câncer se espalhou pela medula espinhal.
Ela recebeu uma dose intravenosa do vírus do sarampo, conhecido como MV-NIS, que é seletivamente tóxico às células de plasma do mieloma.
Uma dose normal de vacina do sarampo contém 10 mil unidades infecciosas do vírus do sarampo. A dose neste estudo foi de 100 bilhões de unidades infecciosas. "Ela teve uma resposta notável", disse Russell.
Apesar de alguns efeitos colaterais precoces, como fortes dores de cabeça, o tumor na testa logo desapareceu e sua medula ficou limpa.
Russell disse que sua remissão durou nove meses. Quando o tumor em sua fronte começou a reaparecer, os médicos o trataram com radioterapia local.
Uma reportagem publicada no jornal Minneapolis Star Tribune noticiou que a mulher, agora com 50 anos, continua a gozar de boa saúde e espera que a visita ao seu médico, no mês que vêm mostre que ela ainda está livre do câncer.
Uma segunda paciente acompanhada no estudo não se saiu tão bem. Ela tinha grandes tumores nas pernas e a terapia não conseguiu erradicá-los.
No entanto, usando estudos de geração de imagem avançados, os médicos conseguiram rastrear o caminho do vírus do sarampo em seu corpo e descobriram que ele, na verdade, estava atacando as áreas onde os tumores estavam se desenvolvendo.
As duas foram as primeiras estudadas na mais elevada dose possível do tratamento, que não funcionou em doses menores.
As mulheres também tiveram uma exposição limitada ao sarampo no passado. Seus cânceres se espalharam a um ponto em que não tinham outras opções de tratamento.
Em editorial que acompanha o artigo, escrito por John Bell, do Centro de Pesquisas Inovadoras sobre o Câncer do Instituto de Pesquisas do Hospital de Ottawa, no Canadá, informou que as evidências eram "convincentes".
"São resultados animadores que finalmente validam o potencial clínico deste tipo de tratamento. No entanto, há muita pesquisa a ser feita", escreveu Bell.