Combatido por 10 entre 10 pessoas que buscam um organismo saudável, o colesterol alto acaba de ganhar pontos na escala das substâncias mais prejudiciais ao corpo humano. Uma pesquisa publicada hoje pela mBio, revista científica da Sociedade Americana de Microbiologia, faz a ligação improvável entre o esteroide das membranas celulares de todos os animais e a progressão da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Curiosamente, um grupo especial de pessoas infectadas pelo HIV que conta com o privilegiado lento avanço da doença também tem uma menor quantidade de colesterol em um tipo específico de células imunes. A característica seria exclusiva a 2% a 5% da população mundial. No entanto, existe a esperança de que medicamentos responsáveis por diminuir o colesterol das células em geral, conhecidos como estatinas, possam atuar favoravelmente em indivíduos comuns.
A descoberta foi feita por uma equipe de pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, liderada por Giovanna Rappocciolo. Eles utilizaram um extenso banco de dados do Multicenter Aids Cohort Study (Macs), composto por mais de 30 anos de amostras biológicas recolhidas para um estudo confidencial sobre a história natural do HIV. Entre os exemplares, foi possível recolher células imunes de indivíduos infectados não progressores, progressores normais e voluntários não infectados (que formaram o grupo de controle). O objetivo era comparar a capacidade das células apresentadoras de antígeno (APCs) desses pacientes. Quando o HIV entra no organismo, é tipicamente escolhido pelas células do sistema imunológico com essa função. Podem ser células as dendríticas ou os linfócitos B.
Ao entrar em contato com o vírus, essas estruturas o transportam para os gânglios linfáticos, onde o HIV é repassado a outras células do sistema imunológico, as células T, por meio de um processo conhecido como infecção trans. Nesse novo ;endereço;, o micro-organismo encontra o principal local de replicação. O aumento da taxa de HIV sobrecarrega o sistema imunológico, que, exaurido, cede à progressão da doença (veja infografia). A partir do momento em que a pessoa desenvolve a Aids, o corpo já não pode combater infecções e cânceres, por exemplo. Antes do surgimento dos antirretrovirais, diante desse quadro, o paciente não tinha uma prognóstico que ultrapassasse um ou dois anos de vida. Os medicamentos interrompem o processo de replicação viral e podem retardar o aparecimento da Aids por décadas.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.