Belo Horizonte — Uso e abuso de drogas, seguidos por depressão, transtornos e, em casos extremos, suicídio. Essas consequências de uma mente conturbada, avassaladoras para a vida de qualquer ser humano, atingem profissionais que dedicam a vida a cuidar dos outros: os médicos. Homens e mulheres de branco se tornaram pacientes em estado grave e preocupação nacional. Estudos mostram que a prevalência de transtornos mentais é quatro vezes maior na classe médica do que na população em geral. Diante do cenário, acendeu-se o alerta máximo para a saúde dos “doutores” e também para universitários da medicina, que dão indícios de caminhar pelo mesmo trajeto. Conhecidos por se considerarem “deuses”, por lidarem com a vida e a morte tão de perto, esses profissionais, na maioria das vezes, não procuram ajuda, o que torna o quadro mais ameaçador, para eles e os pacientes.
“Estamos quebrando um pacto de silêncio. Não se comenta o estado de saúde mental da categoria. Mas, ao expor esses problemas, temos a intenção de alertar tantos os pacientes quanto os médicos que passam por isso e não buscam ajuda”, diz o psiquiatra José Raimundo Lippi, professor das faculdades de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de São Paulo (USP).
Preocupado com o quadro, ele comenta que tanto os estudantes quanto os profissionais formados convivem com a “figura do machado”. “Nós queremos salvar a vida. Existe na classe o desejo universal da imortalidade. O que nos faz nos sentirmos idealizados, onipotentes. Ficamos frustrados quando a morte leva um paciente e somos endeusados quando o salvamos”, comenta Lippi, acrescentando que em volta de todo esse universo de sentimentos está uma profissão estressante. Para a realidade de muitos, a tarefa diária é lidar com dois, três empregos; encarar jornadas de longas horas e plantões; e suportar pressões diárias.
A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique