Além de beleza, quadros que retratam a natureza podem fornecer dados úteis para a preservação do meio ambiente. É o que mostra uma equipe de pesquisadores gregos e alemães que utilizou pinturas de artistas famosos para estimar a evolução dos níveis de poluição ao longo do tempo. Os cientistas compararam as obras com fotos atuais do mesmo local retratado pelos artistas e, assim, identificaram agentes tóxicos que surgiram na atmosfera desde a execução das pinturas. Para os autores do estudo, publicado na revista Atmospheric Chemistry and Physics, os resultados dão pistas da história das mudanças ocorridas no ambiente e podem auxiliar em medidas de conservação.
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Para realizar as comparações, os cientistas se inspiraram em um método semelhante feito em laboratório. ;A ideia surgiu de medições que fazemos com espectrofotômetros, aparelhos cuja função é medir e comparar a quantidade de luz absorvida em uma solução. Com ele, usamos proporções de cores para estimar os valores de colunas de gases atmosféricos;, explica Christos Zerefos, professor de física atmosférica da Academia de Atenas.
Baseado na comparação de cores feita em laboratório, o grupo apostou que a medição também poderia ser realizada tendo quadros como base. ;Como eu costumo dizer, a natureza fala à alma dos artistas. Mas, quando vamos para o cérebro dos pintores, é altamente provável que a retratação de algumas cores possam ser calculadas a partir de como foram percebidas por eles. As obras têm essa informação ambiental importante, que pode nos dar a quantidade de aerossóis na atmosfera (na época);, explica Zerefos.