Para tomar as dores do outro, basta conhecê-lo. Ou, ao menos, conhecer alguém igual a ele. É o que sugere uma pesquisa norte-americana publicada recentemente no site especializado eLife. Com a ajuda de ratos de laboratório, a neurobióloga Inbal Bartal, da Universidade de Chicago (EUA), conseguiu provar que os bichos se mostram mais suscetíveis a ajudar outros de linhagens diferentes depois de terem vivido com animais daquele mesmo tipo. O resultado indica que o desenvolvimento da empatia no mundo animal pode acontecer independentemente da genética: a convivência estimula o comportamento pró-social em relação a quem é diferente.
Em estudo anterior, Bartal havia achado sinais de empatia em ratos, depois que colocou duplas desses bichos dentro de um mesmo espaço. Enquanto um roedor podia explorar o espaço, o outro permanecia limitado a um estreito tubo transparente. Logo o animal solto se dedicava a livrar o companheiro do confinamento, o que só podia ser feito por um mecanismo do lado de fora do tubo. Nessa primeira experiência, foram necessários cinco dias para que os ratos aprendessem a libertar os colegas. Depois disso, sempre que a situação se repetia, a vítima de confinamento era logo solta.
Desta vez, a pesquisadora quis descobrir se o ato de solidariedade estava relacionado com a similaridade genética. Depois de repetir o experimento do rato branco libertando um desconhecido parecido com ele, Bartal refez o processo com um animal de mancha preta preso no tubo. A maioria dos bichos submetidos à experiência, que nunca tinham visto um roedor que não fosse albino como eles, deixou a outra cobaia encarcerada na prisão transparente. Isso poderia corroborar a teoria da origem genética da empatia, não fosse pela segunda rodada de experimentos da pesquisa.
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