O engrossamento da cobertura de gelo na Antártida tem sido, em média, de 1cm a cada 10 anos. Parece pouco, mas o suficiente para provocar alterações ambientais dramáticas. Ao mesmo tempo, quem se recusa a acreditar que o clima do planeta está mudando vê no Polo Sul a melhor prova disso. Contudo, os cientistas alertam que os fenômenos ocorridos nessa extremidade da Terra têm consequências tão graves quanto o derretimento do Ártico. Os rearranjos na paisagem antártica não se resumem ao espessamento do mar gelado, um elemento central para o clima da Terra, pois reflete o calor do Sol e fornece o hábitat adequado para a vida marinha. A água congelada também está se expandindo. No inverno, chega a cobrir uma área equivalente a duas Europas. Imagens de satélite indicam que, desde 1970, o avanço tem sido de 100 mil quilômetros quadrados por década.
Depois de analisar dados atmosféricos dos últimos 30 anos, cientistas da Universidade de Nova York (EUA) concluíram que o Atlântico está por trás de um dos mais complexos fenômenos de clima do planeta. O aquecimento das porções norte e tropical desse oceano contribuiu para as alterações da península. De acordo com Xichen Li, principal autor do estudo, essa é uma evidência de que os sistemas climáticos estão interligados, com relações de causa e consequência, não importa o quão distantes dois pontos estejam. ;Ao aquecer uma região, o efeito pode ser sentido muito mais além do que poderíamos imaginar;, observa. Xichen lembra que já se sabia que o Oceano Pacífico influenciava o clima da Antártida, mas gerando efeitos de curta duração, como o El Niño. Os dados analisados pelos pesquisadores de Nova York indicam que, diferentemente, a influência do Atlântico é permanente e cumulativa.
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