Os valores dos maços de cigarro não acompanham a velocidade com que cresce a economia dos países emergentes, com notável exceção do Brasil. Mais baratos e acessíveis, os produtos do tabaco estão se alastrando rapidamente nas nações em que o poder de compra aumentou nos últimos anos, em especial na China, Índia, Indonésia e Rússia. A constatação é de um estudo publicado no periódico The New England Journal of Medicine. Além de destacar a situação brasileira, o epidemiologista Prabhat Jha, autor da análise, alerta que, se o veneno continuar a contaminar as potências mais populosas do planeta, as mortes causadas pelo fumo vão dobrar nos próximos 20 anos, de 5 milhões para mais 10 milhões.
Jha, pesquisador do Centro de Pesquisa em Saúde Global da Universidade de Toronto, no Canadá, estima que as perdas serão menos representativas em território brasileiro. Isso porque, ao contrário da postura tomada com relação à maioria das políticas públicas, o Brasil não deixou para se preocupar com os prejuízos do cigarro na última hora. A atitude pioneira foi tomada quase 30 anos antes de nações que hoje se veem sufocadas pela fumaça. ;Temos menores taxas em relação a outros países em desenvolvimento porque acompanhamos o tabagismo efetivamente desde 1989, realizando campanhas em escolas, empresas e unidades de saúde;, avalia Felipe Mendes, representante da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, criada pelo Ministério da Saúde.
China e Rússia, além de serem historicamente grandes consumidores de cigarro, adotaram políticas de controle recentemente, há mais ou menos cinco anos. ;A China, por exemplo, acabou de anunciar que vai promover uma lei de ambientes livres a partir deste ano;, observa Mendes. No Brasil, a legislação que proíbe o fumo em locais fechados existe desde 1996, mas previa a abertura de fumódromos. Esses espaços foram completamente proibidos em 2011, apesar de funcionarem por liminar em alguns estados.
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