O aquecimento do planeta tem proporcionado um efeito paradoxal no Ártico: a vegetação está florescendo. Contudo, especialistas alertam que o verde que salpica a paisagem branca não deve ser visto como motivo de comemoração nem como um indicativo de que o aumento na temperatura global não é tão ruim quanto se diz. Segundo pesquisadores da Universidade da Flórida, a cobertura vegetal decorrente das mudanças climáticas é insuficiente para compensar a quantidade de carbono liberada com o derretimento do permafrost, a camada congelada abaixo da superfície. Nesse nível do Ártico, há o dobro de CO2 armazenado, comparado com o que circula na atmosfera.
De acordo com ele, em princípio, o aumento do calor na região parece favorecer o ambiente. ;Se você olha para o equilíbrio entre o que as plantas estão fazendo e o que o solo está fazendo, de fato a vegetação compensa tudo o que vem ocorrendo sob a superfície. A vegetação está crescendo mais rapidamente, ficando maior e sequestrando o carbono do ar;, diz. ;Sob a perspectiva das mudanças climáticas, esta é uma coisa boa: a tundra compensando qualquer CO2 que seja liberado do solo;, reconhece. O problema, contudo, é que, no Ártico, os verões são muito curtos. O efeito positivo, portanto, passa muito rapidamente e não compensa os estragos que vêm sendo observados no subsolo da região.
Nos extremos polares, o permafrost ; que está congelado permanentemente a muitos metros de profundidade há dezenas de milhares de anos ; é muito vulnerável ao aquecimento global. ;Nós continuamos a medir as emissões de carbono no inverno, e o que acontece é que as plantas perdem as folhas, ficam dormentes, mas os micróbios continuam a consumir o solo, liberando uma quantidade de carbono que anula qualquer benefício obtido no verão;, observa Schuur.