Pode ser o barulho seco de um galho quebrando ou o som ritmado do arrastar de passos. Às vezes, é um vulto que passa sorrateiro. Outras, uma sombra que brinca nas paredes. Os sentidos se aguçam, as pupilas se dilatam, os pelos eriçam, o coração dispara. Orquestrado pela mente, o corpo todo reage. Por cada poro, brota o medo, uma das mais primitivas emoções do homem.
Entender o que se passa no cérebro antes mesmo que a razão perceba o perigo é um dos desafios da ciência. Já se sabe bastante sobre uma sensação tanto temida quanto buscada ; quando se vai a uma montanha-russa, por exemplo, não é outra coisa senão o medo que as pessoas querem encontrar. Mas ainda há muito o que se descobrir, principalmente porque aí pode estar a chave para o tratamento de condições desafiadoras, como a síndrome do pânico e o transtorno da ansiedade generalizada.
De uma coisa não restam dúvidas: o medo é essencial para a preservação das espécies. Temer o perigo é a condição básica para driblar os predadores e escapar de situações com risco em potencial. Testes com animais revelam um padrão praticamente universal diante de ameaças. Fuja ou lute, parece dizer o cérebro. O que vai definir a escolha é um duplo processo iniciado pelo tálamo, a região que capta os estímulos externos e os passa adiante.
;O corpo é extremamente sensível à possibilidade de uma ameaça e, então, há múltiplos caminhos que levam a informação do medo para o cérebro;, explica Abigail Marsh, professora de psicologia da Universidade de Georgetown. ;Imagine estar passeando na floresta e, de repente, algo se mover no chão. Para que não haja risco de ser surpreendido, simultaneamente seu cérebro vai agir de duas maneiras;, exemplifica Marsh. Uma delas é tão rápida que se manifesta antes mesmo de a possível ameaça ser notada conscientemente.
;Seu coração vai disparar, você vai suar frio e congelar;, exemplifica. Um segundo depois de congelar, a pessoa poderá perceber que se tratava apenas de folhas secas movidas pelo vento. Nesse caso, foi apenas um susto. Mas, se o cérebro identificasse que o movimento no solo era o de uma cobra, o corpo inteiro seria avisado para reagir. Esse é o caminho longo, que identifica o perigo com mais precisão e permite tomar decisões.
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