Maria Beatriz Aguiar de Melo garante que é só fazer e esperar. Depois de nove dias, o resultado aparece. Mas, para dar certo, a receita que ela anota em uma folha tem de ser seguida à risca. Começa com a purificação do corpo, da mente e do espírito; passa pela limpeza energética da casa e se alonga por mais nove dias. Durante esse período, sempre no mesmo horário, deve-se acender nove velas roxas, rezar para o anjo da guarda, escrever o nome num papelzinho, queimá-lo e jogar as cinzas na água. O conteúdo do copo é, então, despejado no vaso de planta. Vale para alcançar qualquer graça: desde afastar pessoas negativas a reconquistar o amor perdido.
Não é de hoje que o homem busca no divino a solução para problemas diversos, sobre os quais tem pouco ou nenhum controle. Usa, para intermediar, rituais como o ensinado por Maria Beatriz, 65 anos. Nem é preciso ser religioso para recorrer a uma força superior e inexplicável: é o caso, por exemplo, de quem veste a camisa da sorte nas partidas do time de coração. A fé naquilo que foge a qualquer explicação lógica fascina a psicóloga americana Cristine Legare, que pesquisa em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, a crença no sobrenatural.
Com o colega brasileiro André Souza, que fez doutorado na Universidade do Texas em Austin, Legare investigou, em Minas Gerais, as tradicionais simpatias, fórmulas mágicas receitadas em todo o país e voltadas aos mais diversos propósitos. Os pesquisadores constataram que o que dá credibilidade a um ritual é a sua complexidade. Mesmo aos olhos daqueles que não acreditam em simpatias, aquelas mais repletas de passos são as que inspiram maior confiança.
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