Há dois meses os motoristas são obrigados a levar a sério o slogan 'se dirigir, não beba'. A chamada
lei seca, que entrou em vigor em 20 de junho, apertou a fiscalização e as punições previstas para
quem insiste em misturar álcool e direção. Mesmo assim, de lá para cá, 474 condutores foram multados
por dirigir alcoolizados no Distrito Federal. O número representa 37,7% do total de multas por
embriaguez ao volante aplicadas desde janeiro pelos agentes do Departamento de Trânsito do DF
(Detran).
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Tedeschi faz balanço sobre dois meses de lei seca
Presidente da Abramet também avalia resultados
Apesar de estarmos sobrecarregados, não cansamos. A fiscalização continuará intensa," garantiu o
diretor-geral do Detran, Jair Tedeschi. Até setembro, pelo menos 10 bafômetros devem se somar aos 30
já usados durante as blitzes realizadas pelo órgão e pela Polícia Militar. "Quando flagramos um
motorista dirigindo embriagado, temos certeza de que evitamos acidentes," comentou Tedeschi.
Vidas salvas
Desde que as novas regras entraram em vigor, o Corpo de Bombeiros local registrou uma queda de 13%
no número de acidentes, se comparado aos dois meses anteriores à lei seca. As colisões de veículos,
que costumam resultar nas maiores tragédias no trânsito, caíram 45,6% (confira quadro). 'Alguns
perderam o emprego, mas e as vidas que estão sendo poupadas e os leitos que deixaram de ser
ocupados?,' comentou o chefe de Comunicação dos Bombeiros, coronel Maciel Nogueira.
Os atendimentos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também sofreram redução. Em dois
meses, diminuíram cerca de 42,5%. 'Acidentes sempre teremos. Mas é certo que sob o efeito do álcool
o risco de acidente aumenta,' destacou o coordenador do Samu no DF, Cláudio Ferreira.
Ainda neste segundo semestre, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá sobre a constitucionalidade
da lei seca. A Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento (Abrasel) quer
diminuir o rigor da nova legislação. 'A lei já começa a perder força no Brasil inteiro,' disse o
presidente da entidade, Fernando Cabral. 'Os números são incontestáveis,' rebateu o presidente da
Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Flávio Arruda.
Para o estudante João Paulo Parker, 24 anos, a lei continua firme. Desde que aumentou a fiscalização
no Lago Sul, bairro onde o estudante mora, ele e os amigos passaram a ir ao bar de bicicleta. 'Às
vezes volto um pouco tonto, mas é pela ciclovia, não tem problema,' explicou ele.