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Ciência e Saúde

Nasa sofre boicote após se recusar a receber cientistas chineses

Esta decisão, inicialmente revelada pela imprensa britânica, foi confirmada à AFP por Geoff Marcy, professor de astronomia da Universidade da Califórnia em Berkeley

Astrofísicos americanos decidiram boicotar uma importante conferência de astronomia da Nasa, em novembro, para protestar contra sua decisão de impedir a participação de pesquisadores chineses, justificado por razões de segurança nacional.

Esta decisão, inicialmente revelada pela imprensa britânica, foi confirmada à AFP por Geoff Marcy, professor de astronomia da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Marcy, um dos iniciadores do boicote, disse que em sua opinião, a exclusão dos cientistas chineses é "totalmente vergonhosa e contrária à ética".

"Não posso participar por razões de consciência em uma conferência que discrimina, como esta faz", escreveu em mensagem eletrônica endereçada aos organizadores do colóquio sobre descobertas de exoplanetas com o telescópio americano Kepler.

"Esta conferência trata de planetas que estão a bilhões de km, com nenhum aspecto vinculado à segurança nacional", acrescentou.

A Nasa rejeitou os pedidos de participação de cientistas chineses nesta conferência, que será realizada entre 4 e 8 de novembro, em uma instalação da Nasa em Mountain View, Califórnia, sobre a base de uma lei aprovada em março pelo Congresso, que proíbe a qualquer cidadão chinês em uma instalação da agência espacial.



A agência espacial americana "não pode fazer outra coisa", explicou à AFP John Logsdon, ex-diretor do Space Policy Institute de Washington e membro atual do comitê consultivo da Nasa.

As restrições estão incluídas em uma lei aprovada em 2011 e promulgada pelo presidente Barack Obama, que impede que recursos da Nasa sejam empregados para colaborar com a China ou para receber visitantes chineses nas instalações da agência espacial.

No entanto, o redator da lei, o legislador republicano Frank Wolf, explicou esta terça em carta aberta o chefe da Nasa, Charles Bolden, que a agência espacial havia "mal interpretado" o texto legal, que "não impõe nenhuma restrição sobre as atividades de cidadãos chineses, a menos que sejam representantes oficia do governo".