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Ciência e Saúde

Bienestarina, a multimistura que ajudou a reduzir a desnutrição na Colômbia

Distribuído gratuitamente, e usada na merenda escolar, a farinha faz parte dos programas do governo colombiano de segurança alimentar

Bogotá - Há 37 anos a Colômbia usa um complemento alimentar, registrado com o nome de bienestarina para reduzir a desnutrição no país. Distribuído gratuitamente a seis milhões de pessoas, e usada na merenda escolar, a farinha faz parte dos programas do governo colombiano de segurança alimentar e vem ajudando o país a reduzir os índices de mortalidade infantil e desnutrição.

Segundo a Pesquisa Nação da Situação Nacional na Colômbia (ENSIN), realizada em 2010, a desnutrição global [baixo peso] teve uma redução superior a 50% nas últimas décadas, passando de 8,6% da população em 1990 para 3,4% em 2010.

[SAIBAMAIS]Os dados coincidem com o observado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). De acordo com o organismo, a mortalidade no país para crianças de até cinco anos caiu de 34 casos em 1990 para 11 em 2011, para cada mil nascimentos. A mortalidade de bebês de até um ano no mesmo período também diminuiu. Em 1990 foram 28 casos e em 2011, 15 casos para cada mil nascidos.

A bienestarina é uma mistura de farinha de soja, farinha de trigo, fécula de milho, leite em pó e um complexo de vitaminas e sais minerais. É fabricada e distribuída pelo Instituto Colombiano de Bem Estar Familiar (ICBF).

A encarregada das funções da Direção de Nutrição do ICBF, Ana María Angel, disse à Agência Brasil, que a mistura foi criada pelo governo em 1976 para combater à desnutrição infantil na Colômbia.

;Nosso público alvo são as populações mais vulneráveis, em situação de miséria, além de vítimas do conflito armado;, explica.

O pai da mistura foi o médico colombiano Roberto Rueda Williamson, que durante muitos anos trabalhou em zonas rurais e conheceu as dificuldades e a miséria enfrentadas pelos camponeses no país. Os estudos começaram no começo da década de 1970 e de acordo com Ana María Angel, Rueda não só criou a mistura, como implementou o programa, porque foi diretor do ICBF.

;A criação do produto foi motivada pelas precárias condições do país à época e também porque precisávamos encontrar uma solução para os problemas de desnutrição da população. Tivemos uma forte redução de uma ajuda internacional humanitária para alimentação que recebíamos;, explica.

Apesar de ser utilizada de maneira semelhante à multimistura brasileira, criada pela nutricionista Clara Takaki - e difundida pela médica pediatra Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança e do Idoso - a bienestarina foi inspirada em uma farinha criada na Guatemala, nos anos 1974, a incaparina.

De acordo com o ICBF, toda a bienestarina produzida no país é consumida pelos próprios colombianos e ainda não há acordos de cooperação com outros países para exportar a tecnologia do produto.

Desde a sua criação, a versão colombiana da multimistura já foi reformulada quatro vezes. ;Nós observamos o que era necessário acrescentar, de acordo com as principais carências alimentares da população;, acrescenta Ana María. O alimento é distribuído às famílias cadastradas e também usado na merenda escolar e na alimentação de mulheres grávidas ou que estejam amamentando, além de idosos.

O produto é distribuído nos sabores chocolate, baunilha e morango, na versão líquida (mistura ao leite) e como farinha, utilizada no preparo de sorvetes, sopas, bolos e pães. A bienestarina é rica em ferro zinco, cálcio, fósforo, cobre, ácido fólico, vitamina B12 e vitamina A.

;Nossa ultima reformulação garante que 100 gramas do produto contenha entre 60% e 100% das recomendações diárias calóricas para os grupos definidos como prioritários.

De acordo com o ICBF, o governo investe, em média, 100 milhões de pesos colombianos (R$ 125 mil) por ano para financiar a produção. No ano passado foram entregues 24.950 toneladas do complemento nos 32 departamentos colombianos.

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A encarregada do ICBF informou que um relatório comparativo entre a população que recebeu o complemento e a população não atendida está sendo feito para mostrar os resultados. ;Com esse estudo vamos poder demonstrar o impacto da bienestarina na vida das pessoas;, disse Ana María.

Mas apesar do uso da bienestarina e dos avanços obtidos no país na redução de índices de mortalidade, a Colômbia ainda precisa continuar combatendo a desnutrição infantil. De acordo com o governo, em 2010 (o mais recente estudo sobre o assunto) 3,4% das crianças menores de 5 anos apresentação baixo peso (desnutrição global).

;Segundo os parâmetros da OMS [Organização Mundial de Saúde] esse índice é considerado baixo, mas não quer dizer que vencemos o problema. Também é preciso considerar que entre bebês de 12 a 23 meses, a desnutrição é de 3,3% da população. Ainda temos muito o que fazer;, defende Ana María.

O governo da Colômbia tem como meta do Objetivos de Desenvolvimento do Milênio reduzir o indicador de desnutrição global para 2,6% até 2015.