As ruínas vulcânicas foram encontradas em uma região marciana chamada Arabia Terra, fotografada por satélites e varrida por um equipamento a laser que coleta dados topográficos do espaço. ;O que aconteceu é que eu estava originalmente estudando crateras de impacto em Marte e encontrei algumas que não parecem com crateras de impacto de verdade. Algumas têm formatos muito diferentes e evidência clara de vulcanismo;, conta Joseph Michalski, autor da descoberta, pesquisador no Museu de História Natural de Londres e do Instituto de Ciência Planetária de Tucson, nos EUA.
Provas escassas
Caso a origem das crateras seja mesmo vulcânica, estima-se que os vulcões tenham entrado em atividade há mais de 3,5 bilhões de anos. O tempo e a própria ação dos vulcões teriam apagado a maioria das provas do acontecimento geológico ; tudo em um planeta que ainda está fora do alcance de qualquer ser humano. ;Em geologia, nós nunca podemos absolutamente provar a origem de alguma coisa sem qualquer tipo de dúvida. Mas, nesse caso, podemos apresentar uma forte teoria que construímos por anos de pesquisa;, acredita Michalski.
De acordo com Michalski, os gases expelidos por esses supervulcões podem ter uma participação importante na formação da atmosfera de Marte, assim como importantes mudanças climáticas que ainda não são bem compreendidas pelos cientistas. Os supervulcões também podem ser a fonte da grande quantidade de material vulcânico encontrado em todo o Planeta Vermelho. Erupções seguidas de terremotos e emissões de gás teriam levado a uma enorme explosão da crosta superior do planeta, cobrindo o solo com uma grande camada de cinzas.
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Até então, os sedimentos que cobrem o solo marciano eram considerados uma misteriosa peça do quebra-cabeça que remonta o passado de Marte, pois ainda não haviam sido encontradas estruturas geológicas grandes o suficiente para causar o fenômeno. Embora existam caldeiras similares na Terra, pesquisadores acreditam que isso não aconteceu aqui devido à diferença de pressão das crostas dos planetas: a terrestre é maior, o que significa que a origem da lava é mais superficial e surge com menos expansividade.
Novas provas dependem de análises feitas diretamente com as rochas magmáticas do Planeta Vermelho, como as feitas pelo rover Curiosity há um ano. ;É possível inferir aspectos da composição do manto de onde o magma foi gerado e a pressão e temperatura em que ocorreu a fusão. Também é possível inferir as condições que levaram à cristalização do magma;, enumera Edward Stolper, pesquisador do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).
Recentemente, Stolper e um grupo de pesquisadores foram capazes de apontar que a formação de rochas magmáticas no Planeta Vermelho é parecida com o mesmo processo terrestre. ;Isso foi inesperado;, conta Stolper.