No início dos anos 2000, Márcia* era o caso que mais intrigava a alergologista Ariana Campos Yang, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). Quase que semanalmente, a paciente sofria um choque anafilático que a levava para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Bastava o cheiro do agente causador da alergia: o ovo.
Márcia não saía de casa. E onde morava, ninguém podia ingerir o alimento tão comum nas receitas brasileiras. Yang pesquisou bibliografia especializada e encontrou um trabalho italiano que poderia ajudar a sua paciente. ;Na época, ela tinha 25 anos. Hoje, perto dos 40, come tudo, inclusive ovos;, comemora. O sucesso da dessensibilização alimentar levou a terapia a outros cantos do país e rende uma lista de espera de cerca de um ano e meio.
A primeira tentativa de ;curar; pessoas com alergias alimentares severas se deu há cerca de 100 anos e seguia o princípio das vacinas: aplicar doses menores e intravenosas do agente causador do problema. A reação no organismo dos voluntários foi dramática, e a ideia, abandonada pela comunidade médica por um longo período.
A questão virou quase um tabu. Ninguém mais falava em fazer vacina para rinite ou asma e nem sequer era cogitada a busca por terapias para a alergia alimentar. ;Até que surgiu esse novo trabalho em 1984 de um grupo de pesquisadores italianos com uma eficácia de 73% nos pacientes tratados;, conta Yang.
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