WASHINGTON - Um novo tratamento se mostrou muito promissor contra a doença de Crohn e a colite ulcerosa, graves inflamações intestinais crônicas, segundo dois testes clínicos internacionais publicados esta quarta-feira (21/8) nos Estados Unidos.
Uma nova molécula, a vedolizumab, do laboratório japonês Takeda, oferece esperança renovada aos quatro milhões de pessoas que sofrem de alguma destas duas doenças autoimunes, afirmam cientistas que realizaram estes estudos clínicos, publicados na revista New England Journal of Medicine.
Os testes clínicos de fase 3, realizados em 39 países e dos quais participaram 3.000 pessoas, "mostraram resultados muito promissores para os doentes que sofrem de doença de Crohn e colite ulcerosa, para as quais os tratamentos convencionais como os esteroides ou supressores do sistema imunológico são ineficazes", explicou William Sandborn, diretor do Centro de Doenças Inflamatórias Intestinais da Universidade da Califórnia em San Diego, que fez o estudo sobre a doença de Crohn.
"Este tratamento modifica o enfoque terapêutico destas doenças, já que muitos doentes que sofrem de colite ulcerosa observaram a cura do intestino, mantida com a continuidade da ingestão de vedolizumab", acrescentou.
O anticorpo, administrado via intravenosa, ataca as células imunológicas do intestino que liberam um tipo de proteínas (citocinas) responsáveis pela inflamação, que causa danos nos tecidos dos intestinos grosso e delgado e provoca diarreia.
O tratamento é muito direcionado, o que limita o risco de efeitos colaterais, enquanto os tratamentos tradicionais são acompanhados de efeitos como perda de peso, náuseas ou dor de cabeça, afirmaram os cientistas.
Além disso, os medicamentos convencionais contra a doença de Crohn e a colite ulcerosa fragilizam o sistema imunológico, o que por sua vez aumenta o risco de infecções.
Esta doença pode provocar complicações graves, como oclusão intestinal, desnutrição ou câncer de cólon, às vezes uma extirpação cirúrgica de parte do intestino.
Sobre os 3.000 participantes nos testes clínicos, de 18 a 80 anos de idade, 1.900 sofriam de doença de Crohn e 1.100 de colite ulcerosa.
Takeda, que financiou os testes clínicos, pediu a luz verde às agências americanas e europeias de medicamentos, a FDA e a EMA, para lançar o medicamento no mercado.