Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Estudo inédito no mundo rastreia baleias-minke-anãs em barreira de corais

Cientistas da Universidade James Cook, do estado de Queensland, participam do projeto, que também envolve cientistas de Alasca



Baleias como as jubarte e as francas são conhecidas por migrar até a costa leste da Austrália nos meses mais quentes para passar o verão nas águas mais frias da costa da Antártica, mas não se sabe se as minke-anãs, menores, se juntam a elas.

"Não temos ideia de aonde vão", afirmou à AFP Birtles, co-diretor do Projeto Baleia Minke, da Universidade James Cook.

"A questão é: elas fazem esta longa migração até as águas antárticas ou vão para outra parte do Pacífico Sul?", questionou.

Por serem baleias de mar aberto, as minke-anãs são quase impossíveis de estudar fora da pequena margem de tempo que passam na Grande Barreira de Corais em meados do inverno, quando se observa o comportamento da corte.

"São uma subespécie de baleia sem descrição. Ninguém sabia de sua existência até 20 anos atrás", disse Birtles.

"Um dos grandes mistérios do Oceano Austral é pensar que há um animal aqui, que antes de tudo não tem um nome (científico) apropriado e que não se sabe aonde vai durante nove meses do ano. É extraordinário, especialmente porque pesa cinco ou seis toneladas e tem seis metros de comprimento", acrescentou.

As quatro baleias levam desde meados de julho marcadores do tamanho de caixas de fósforo situados nas barbatanas dorsais, implantados por cientistas que trabalham em um silencioso navio sônico e infra-sônico utilizado pelo Departamento de Defesa Australiano.

Em 12 de agosto, a primeira baleia marcada, um jovem macho apelidado de Spot, tinha deixado o arrecife para trás e se dirigido rumo ao sul, ao longo dos limites da plataforma continental na altura da costa de Sydney, tendo nadado quase 3 mil km em menos de trinta dias.

Uma fêmea chamada Deep Scars não estava muito atrás, mas as outras duas baleias - embora se dirigissem para o sul - estavam muito mais ao norte.

"Seus rastros transformaram nosso entendimento dos movimentos destes animais, que até este ponto só tínhamos documentado graças a mergulhadores que os observavam e tiravam fotos de seus padrões de cores únicos, que nós usamos para identificar os animais individualmente", disse Birtles.

Os pesquisadores agora esperam fazer um estudo mais extenso sobre os cetáceos no ano que vem.