Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Estudo mostra que tartarugas marinhas ingerem mais plástico que nunca

A pesquisa se baseou na revisão da literatura científica publicada desde 1985 sobre a ingestão por tartarugas de resíduos produzidos pelo homem no oceano



O estudo revelou que a probabilidade de uma tartaruga-verde, que pode crescer até 1,5 metro e viver 80 anos, ingerir resíduos saltou de cerca de 30% em 1985 para quase 50% em 2012. Segundo a pesquisa, está claro que desde que os primeiros dados foram registrados, mais de cem anos atrás, a quantidade de resíduos ingerida por outra espécie, a tartaruga-de-couro, também aumentou.

No entanto, entre 1985 e 2012, a ingestão de resíduos por esta espécie tinha se mantido estável. Produtos plásticos comidos pelas tartarugas e outras criaturas marinhas podem ser letais, matando os animais ao bloquear seus estômagos e deixá-los famintos ou ao perfurar seus intestinos.

Schuyler explicou que os plásticos ingeridos também podem liberar toxinas no organismo do animal, seja pelos compostos químicos contidos nos plásticos ou por substâncias absorvidas enquanto estiveram flutuando no oceano. "O animal pode não morrer disso logo em seguida, mas pode haver impactos em seu ciclo reprodutivo, e isso tem consequências de longo prazo", afirmou.

Schuyler, aspirante a doutoranda, disse que os dados demonstraram que as tartarugas com grande quantidade de plástico no organismo não foram encontradas necessariamente nos locais mais poluídos ou populosos. "Então, isso significa que estão ingerindo esses resíduos habitualmente em outro lugar distante", disse, acrescentando que é preciso haver uma resposta global para enfrentar o problema. "O que realmente precisamos fazer é um movimento em larga escala para impedir que os resíduos cheguem aos oceanos", acrescentou.

A pesquisa, que se baseou em 37 estudos publicados entre 1985 e 2012 com dados coletados de antes de 1900 até 2011, revelou que as tartarugas de quase todas as regiões do globo ingeriram resíduos, mais comumente plástico. "Nossos resultados mostram claramente que a ingestão de resíduos por tartarugas marinhas é um fenômeno global de magnitude crescente", destacou.