O início da atividade agrícola representa mais do que uma inovação tecnológica. Na realidade, esse é o marco da civilização, o berço da sociedade como se conhece hoje ; povos assentados, que se relacionam, trocando mercadorias e informações culturais. Até agora, os especialistas afirmam que essa seria uma revolução cujo início é bem localizado, numa área onde, atualmente, estão Iraque, Turquia, Síria e Ilha de Chipre. Há muitas evidências de que, ali, há 12 mil anos, grupos de caçadores-coletores deixaram o estilo de vida nômade e fixaram-se na terra. Contudo, em um estudo publicado na edição de hoje da revista Science, arqueólogos defendem que, em vez de centralizado, o advento da agricultura foi um fenômeno disperso, acontecendo em diferentes lugares ao mesmo tempo.
A afirmação do grupo de especialistas se baseia em achados feitos no sítio arqueológico de Chogha Golan, no Irã, mais especificamente na província de Ilam. Lá, cientistas da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e do Centro Iraniano de Pesquisas Arqueológicas encontraram os mais antigos fósseis de cereais domesticados. Aos olhos de hoje, pode-se argumentar que o Irã é uma região muito próxima de Iraque, Turquia, Síria, o que não justificaria a tese de uma origem dispersa da agricultura. No entanto, para homens e mulheres que viveram há 12 milênios, a distância do sítio de Chogha Golan (bem mais ao sudeste da Ásia) para as outras áreas onde a atividade agrícola surgiu era imensa.