Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Estudo da USP mostra que o paladar tem um forte aspecto subjetivo

Segundo a pesquisa, a identificação do gosto pelo cérebro nem sempre faz com que a pessoa experimente a sensação. Resultados podem ser úteis à psicologia e à indústria de alimentos

Do ponto de vista fisiológico, a percepção dos sabores pode ser, resumidamente, explicada da seguinte forma: o contato do alimento com as papilas gustativas da língua faz partir um sinal rumo a regiões específicas do cérebro. Assim que essas áreas são ativadas, a pessoa sente o gosto do alimento. Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), contudo, mostra que a sensação do gosto não se resume a isso, pois fatores subjetivos parecem ter influência no processo. Durante o experimento, os especialistas observaram que a ativação cerebral nem sempre resulta na percepção do sabor.

O experimento foi liderado pelo professor Ernane José Xavier Costa, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da USP, em parceria com alunos. A ideia surgiu em 2005, quando ele criou uma interface para monitorar o funcionamento do cérebro e mostrar a atividade do órgão no controle de atividades motoras. ;Publicamos esse resultado, tivemos sucesso e partimos para algo mais específico, como a análise do paladar e de um sabor determinado;, destaca Costa. Ele escolheu, então, o açúcar como modelo, por ser bem aceito na maior parte da população, além de a substância possuir menos elementos químicos que o sal. ;Buscamos algo que não fosse difícil de ser analisado e não viciasse o paladar dos voluntários;, destaca o especialista.