Belo Horizonte ; Reduzir o incômodo e a dor da anestesia pode ser o primeiro passo para que os dentistas ganhem mais simpatizantes. Com medo da picada da agulha inevitável em procedimentos mais complexos, muitos correm da cadeira do profissional a todo custo. Para os mais receosos, a anestesia indolor e sem agulha está mais próxima de virar realidade. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) buscam opções de anestésicos para uso odontológico que, além de apresentarem melhores efeitos, devem significar a aposentadoria das agulhas.
A pesquisa faz parte do projeto temático Novas formulações de anestésicos locais de liberação sustentada: do desenvolvimento ao teste clínico odontológico, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). ;O grande desejo é de termos um anestésico que não precise ser injetado, o que gera mais medo no consultório. Hoje, o que há no mercado é uma versão tópica suficiente apenas para que seja realizada a picada depois;, observa Eneida de Paula, chefe do Departamento de Bioquímica do Instituto de Biologia da Unicamp.
E os estudos vão além. Associadas ao alívio da dor no momento da aplicação, as pesquisas estão em busca de uma versão menos tóxica e que tenha maior durabilidade, para que, em procedimentos longos, não seja necessária a reaplicação da substância. ;A intenção é prolongar a atividade anestésica e diminuir a toxicidade ao coração e ao sistema nervoso central. Quando cai na corrente sanguínea, o anestésico pode causar taquicardia, convulsões e até levar a pessoa à morte;, explica Eneida.