Dizem que algumas pessoas têm o ;sangue doce;, o que faz delas o alvo preferido de insetos. Cientistas de Rockefeller University, nos Estados Unidos, acabam de descobrir que a sabedoria popular tem razão. Só que não há exceções. O sangue humano é mais atraente para as fêmeas dos mosquitos Anopheles gambiae e Aedes aegypti. Os pesquisadores também conseguiram bloquear essa preferência natural, eliminando a capacidade dos insetos de distinguir humanos de outros animais. O experimento, cujos resultados foram publicados na revista Nature da semana passada, pode ajudar no controle da malária, da dengue e da febre amarela, doenças transmitidas por esses mosquitos.
;Identificar como os mosquitos nos diferenciam de outros animais nos ajudará a compreender por que eles são predadores tão seletivos e preferem humanos. Esse processo vai nos ajudar a pensar em formas de prevenir a dengue e diminuir a taxa de transmissão das doenças infecciosas;, destacou a neurobiologista Leslie Vasshall, coordenadora da pesquisa, que foi iniciada em 2009.
Os cientistas utilizaram as enzimas chamadas de dedos de zinco nucleases ; zinc finger nucleases (ZFNs), em inglês. As ZFNs são associadas a diversas tarefas celulares, como reparo e alterações na identidade genética. Com elas, foi possível modificar o DNA dos insetos e anular algumas das funções normais do organismo deles. ;É uma tecnologia muito avançada de biologia molecular e que demanda grande capital, por isso não é muito comum no Brasil. Consiste em usar enzimas que reconhecem uma região específica do DNA do gene que o cientista deseja trabalhar;, explica Rafaela Vieira Bruno, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos do Instituto Oswaldo Cruz.