O doutorado sanduíche, segunda modalidade mais atendida pelo Ciência sem Fronteiras, levou Matheus Pereira Porto, 30 anos, a uma das instituições de ensino mais consagradas do mundo: a Universidade da Califórnia, onde está desde outubro e se dedica a estudar refrigeração e armazenamento de energia renovável. Doutorando em engenharia mecânica pela UFMG, ele se impressiona com o empreendedorismo. ;Aqui, há toda uma estrutura para fazer pesquisa ganhando dinheiro. Infelizmente, o Brasil ainda não está preparado para isso.; Ele e colegas veem falhas no programa, como a falta de plano de saúde para os beneficiados.
[SAIBAMAIS]Em pós-doutoramento no Salk Institute for Biological Studies, na Califórnia, Maximiller Dal-Bianco Costa, 31 anos, reclama dos valores das bolsas. ;Recebemos abaixo do mínimo exigido por lei para trabalhar aqui. Somos contratados com funções diferentes da que desempenhamos e aceitamos por ser uma oportunidade única. Está na hora de parar de justificar o ;investimento na carreira; como forma de pagar pouco. Como é que um profissional desenvolve experimentos caríssimos e recebe uma porção ínfima para seu sustento? Está errado;, desabafa Maximiller, doutor em ciências biológicas pela Universidade de São Paulo (USP).
Pessoalmente, ele quer voltar para o Brasil ; exigência do Ciência sem Fronteiras ;, profissionalmente, não. ;A perspectiva aqui é muito melhor. É difícil pensar em voltar para um lugar com estrutura inferior. No entanto, existem o investimento colocado em nossas carreiras pelo governo e o retorno que podemos levar para o nosso país. O modelo do Ciência sem Fronteiras está funcionando bem, mas é só um pontapé inicial. O país terá que abrir mercado para abrigar essa nova geração de cientistas;, diz.