Agência France-Presse
postado em 08/04/2013 20:15
Washington - Com o aquecimento global provavelmente ficará mais difícil cultivar videiras na região francesa de Bordeaux, na Califórnia ou no Chile até 2050, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira nos Estados Unidos, o que anuncia uma migração dos cultivos para áreas mais frias, habitadas por animais protegidos como o panda.
As condições climáticas hoje são ideais nestas regiões para as videiras, mas o aquecimento e as menores precipitações poderiam implicar uma redistribuição significativa das regiões produtoras de vinho no mundo.
"A superfície de terras propícias para o cultivo da videira vai diminuir em muitas regiões tradicionalmente produtoras de vinho, como a de Bordeaux ou o vale do Ródano, na Toscana, na Itália", Califórnia ou Chile, declarou Lee Hannah, principal autor do estudo.
"Mas se encontrarão cada vez mais lugares favoráveis em regiões mais ao norte, na América do Norte e na Europa", acrescentou.
"Quando começamos o estudo, pensávamos que entraríamos no mundo da ficção científica, mas agora estamos convencidos de que se apoia em dados científicos", acrescentou Hannah.
Assim, a superfície de terras propícias para o cultivo da videira na Europa será, segundo o estudo, em média 68% inferior em 2050 devido ao aquecimento global causado pelas emissões de gases de efeito estufa.
A pesquisa se baseia em quatro modelos científicos diferentes: em sua versão mais otimista, a redução da superfície só chegaria a 39% na Europa, mas o pior cenário prevê uma queda de 86% desta superfície.
"Embora nos baseemos em cifras otimistas que envolvem as emissões de gases de efeito estufa, isto atenua as mudanças, mas nosso relatório mostra que haverá repercussões, apesar de tudo", acrescentou Hannah.
As chuvas e eventuais períodos de seca serão muito importantes para continuar cultivando videiras em muitas regiões tradicionais.
As terras de Chile, Califórnia, Austrália e regiões da Europa meridional serão as mais afetadas por estas mudanças. Ao contrário, o norte da Europa, dos Estados Unidos e da Nova Zelândia poderiam se tornar importantes produtores de vinho.
As mudanças climáticas previstas se somam aos impactos que o cultivo da videira já implica, para o qual é necessário limpar os terrenos aos quais se incorporam nutrientes e produtos altamente tóxicos para lutar entre outros contra os fungos.
E isto pode prejudicar tanto a flora quanto a fauna.
"Ironicamente, a China, que é a região do mundo com maior crescimento na produção de vinho, parece ter as melhores terras para videira no hábitat dos pandas", observou Hannah, preocupado com a sobrevivência desta espécie em vias de extinção.